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A história de três vidas antes e depois dos exercícios

Juntos, eles pesavam 368 quilos. Em comum, a doutora em engenharia e gestão do conhecimento Michelle Franzoni, o professor de história Nelton Araújo e o advogado Walquer Figueiredo têm uma história de perda de peso, aliada a exercícios físicos e mudança radical de vida. Walquer e Nelton treinaram muito até virarem maratonistas e, inclusive, correm hoje os 21 km da Meia Maratona Caixa Cidade do Rio de Janeiro. Michelle pedalou, fez musculação, criou um blog com dicas, receitas e hoje é conhecida por 350 mil fãs como Mimis. Por trás desse resultado, uma rotina dura, planejamento e vontade de mudar.


- Um dia eu me olhei no espelho no hall do prédio e me assustei, pensei que não queria mais ser aquilo - conta Nelton, que sabe já ter pesado 130 Kg, mas acha até que ultrapassou isso. - Gordo não se pesa, 130 Kg eu pesei uma semana depois de ter começado a dieta, há seis anos, e amigos diziam que eu já estava mais magro - diz ele, que hoje pesa 64 Kg e, semana passada, na meia maratona Golden Four de Porto Alegre, bateu seu recorde com tempo de atleta profissional, 1 hora 16 minutos e 55 segundos. De 1.500 corredores, ele foi o 12º no ranking geral.


Para chegar até essa marca, Nelton começou com uma dieta por conta própria, não muito diferente da que faz hoje, com poucos carboidratos. Poucos mesmo. Em dia de luxo, em que ele treina pesado, a extravagância se limita a duas rodelas de batata doce no almoço.


Há dois anos ele foi a uma nutricionista que aprovou o que já vinha fazendo e, também há dois anos, quando começou a competir, diz ter chegado ao seu peso ideal. Mas não descansa. Treina de oito a nove horas por semana, todos os dias.


- A cabeça ainda é de gordo. Até hoje andar sem camisa é um problema - diz.
Para a nutricionista Fernanda Caldeira, à frente de método de emagrecimento baseado em uma dieta proteinada, a redução de carboidratos com controle do tipo de proteína (com opção pelas carnes magras) costuma funcionar melhor para quem quer perder muito peso. Este tipo de alimentação costuma saciar mais e emagrece mais rapidamente do que a dieta tradicional hipocalórica. Mas acima de tudo é preciso se organizar.


- Tem que criar um cardápio, não pode deixar solto, improvisar, senão na hora da fome acaba escolhendo mal - ensina a nutricionista.


Criar um cardápio foi a chave do sucesso para Michelle, que passou de 98 Kg a 65 Kg nos últimos dois anos e diz ter adaptado seus dotes culinários ao estilo de vida saudável.


- Dieta é tudo igual: carnes magras, legumes, frutas, carboidratos complexos e gorduras boas. Mas você pode decidir o que fazer. Eu cozinho tudo sem óleo, priorizo os bons alimentos, e boto a criatividade para funcionar.


Depois de ter adotado uma alimentação saudável e alternar treinos de musculação e bike diariamente, Michelle chegou ao peso ideal, se livrou do efeito sanfona e está feliz por ter conquistado disposição física, melhorado autoestima, imunidade, alegria. E comemora:


- Nunca imaginei que teria o corpo que tenho hoje. Tenho orgulho de cada pedacinho conquistado com suor e dedicação, embora não me ache perfeita.


Caminhada para começar
Ainda em busca do ideal, o advogado Walquer Figueiredo quer expurgar (ele não usa a palavra perder, porque quem perde, acha, segundo ele) mais cinco quilos, às custas de uma dieta vegana adotada há seis meses (sem carnes, ovos e laticínios) e até dez horas de treinos por semana.


Aos 54 anos, ele adorava frequentar bons restaurantes, pesava 140 Kg, era sedentário e sofria de obesidade mórbida. Depois de uma operação para a contenção de uma hérnia, ele ouviu uma pergunta do cirurgião: “você quer morrer?”.


Refletiu e foi atrás das respostas. Começou uma reeducação alimentar com uma dieta tradicional de corte de calorias e se uniu a um grupo de corrida só para caminhar.


Dez meses depois Walquer começou a correr. Hoje, aos 59 anos, ele pesa 80 Kg e participa de maratonas. Sua estreia foi em Nova York, em novembro de 2010, completando a prova em seis horas e dois minutos. Semana passada em Porto Alegre, completou 21 Km em duas horas e 13 minutos. Como ele costuma dizer, “show!”


- Você tem que ter disciplina e aí o resultado aparece - acredita.


Para o professor de educação física e treinador de corrida Ricardo Sartorato, coordenador da equipe Filhos do Vento, casos como o de Walquer e Nelton, ambos treinados pela equipe, são incógnitas. Às vezes, um bom potencial está mascarado pela obesidade e às vezes uma pessoa com corpo de corredor não se desenvolve porque há variáveis invisíveis, segundo ele. Só dá para saber testando.


O mais importante para quem quer sair do sedentarismo, sobrepeso (ou ambos) é começar devagar.


- Tem que começar com cargas leves porque a sobrecarga de peso já é grande, o maior risco são as lesões - explica. - A caminhada é a melhor opção e a musculação não é obrigatória. E, é claro, tem que fazer exames médicos e contar com a ajuda de profissionais.

Fonte: O Globo
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