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Crianças que não comem: o que diz a ciência

Ao observar um grupo de crianças, mesmo não sendo especialista, é possível perceber que algumas dão mais trabalho na hora de comer do que outras. Desde se recusar terminantemente a experimentar certos alimentos até não querer nem sentar à mesa. Ao estudar esse tipo de comportamento, porém, pesquisadores da Universidade de Illinois descobriram que nem todas “dão um show” nas refeições da mesma maneira.

Apresentar um comportamento seletivo para comer é algo natural entre crianças e, segundo o estudo, de 19 a 50% das maiores de 2 anos fazem isso. Priscila Maximino, nutricionista do Hospital Infantil Sabará (SP), explica que o pico da seletividade ocorre por volta de 20 meses. “Isso é normal e costuma vir acompanhado de falta de apetite”, disse.

O estudo reuniu 170 crianças de 2 a 4 anos que, segundo os pais, eram difíceis para comer e acompanhou seu comportamento por duas semanas na hora das refeições. A conclusão dos cientistas foi a de que elas poderiam ser divididas em quatro categorias. Algumas, inclusive, poderiam ser incluídas em mais de um tipo, mas os pesquisadores optaram por classificá-las de acordo com o comportamento predominante.

A primeira categoria é a dos sensoriais (20,2%). As crianças desse segmento têm uma forte preferência por comidas duras, secas ou crocantes, e que sejam salgadas ou doces sem grande complexidade de sabores. A segunda é a dos preferenciais (20,6%), em que se encaixam as que rejeitam qualquer coisa que não seja familiar.

A terceira é a dos comportamentais (15%). Aqui entram aquelas que podem chorar, se contorcer e se recusar a abrir a boca quando a comida não é preparada, cortada ou apresentada do jeito que gostam. Elas também se mostram desinteressadas na refeição enquanto estão à mesa. Por último, há os perfeccionistas em geral (44%), a maior categoria. Esse grupo mostra preferências exigentes, como a de não comer alimentos de textura mole, só aceitar comida de uma certa cor e de textura macia, sem partes duras no meio.

Seu filho dá trabalho para comer? Veja como ajudá-lo

O estudo foi feito com o objetivo de, no futuro, determinar quais estratégias funcionam melhor para os integrantes de cada uma das categorias. Porém, enquanto esse dia não chega, há algumas medidas que podem ser tomadas caso a hora das refeições na sua casa sejam difíceis. De acordo com Priscila, é importante não forçar a criança a limpar o prato e nem colocá-la de castigo se ela se recusar a comer. Ambas atitudes ajudam a criar uma relação negativa com a comida.

“Sirva o alimento que está causando problema em diversas ocasiões, mesmo que a criança recuse”, afirma Priscila. “Tente envolvê-la também no processo de preparo da comida, de acordo com a idade. Os filhos podem ajudar a escolher os produtos no supermercado ou colocar a mesa. Isso costuma deixá-los mais à vontade”, explica.

Segundo ressalta Rita Calegari, psicóloga infantil do Hospital São Camilo (SP), ressalta se os pais percebem que o problema do filho não é tanto com a comida em si, mas com o fato de  interromper a brincadeira, alguns incentivos podem funcionar. “Uma sugestão é transitar entre a pausa da diversão para a refeição com alguma atividade intermediária, como lavar as mãos com um sabonete colorido ou com formato diferente antes de comer. Os pais também podem criar brincadeiras e charadas sobre as refeições, como pedir que a criança adivinhe o que tem para o almoço e a cor do suco, por exemplo, de forma que a hora de comer seja um grande prazer para os pequenos”, diz.

Vale lembrar, no entanto, que, para a maioria das crianças, a grande seletividade para comer é uma fase passageira. Apesar disso, algumas podem apresentar um comportamento que precisa do acompanhamento de um especialista. Se os pais perceberem que a hora das refeições causa sofrimento à criança ou que ela está ingerindo menos nutrientes do que o necessário para seu desenvolvimento saudável, é hora de procurar ajuda. Dependendo da causa, o tratamento pode ser constituído de medicação ou dieta específica.

Fonte: Crescer

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