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Seu bebê não come bem? Comece a deixar ele se alimentar sozinho

Quando os pais começam a fazer a introdução alimentar com papinhas amassadas normalmente se frustram pois o bebê faz cara feia, torce o nariz para aquela comida e, é claro, cospe tudo. E por que isso acontece?

Convenhamos que aquela papa de uma só cor não é nada atrativa ainda mais com alguém colocando uma colherada atrás da outra na sua boca. O sabor pode até ser bom, mas aquele momento não se torna nada prazeroso.

E se em vez de oferecer essa ‘sopinha’ você optasse em dar parte da sua própria comida para o bebê e deixar ele se alimentar sozinho? No BLW (Baby-led Weaning,  ou em tradução livre o desmame que o bebê lidera) é possível manipular a comida e identificar diferentes cores, formatos, aromas, texturas e ainda criar uma relação positiva com a comida, afinal, comer tem que ser gostoso e não um momento de tensão.

A nutricionista Juliana Kramer, 34, diz que muitos pais se preocupam com a composição dos pratos, ou seja, o que vão servir. “Mas eles esquecem que a forma de como a criança vai comer é tão importante como o que vão comer”, diz.

A papinha com tudo misturado acaba sendo algo monótono e que parece obrigatório ao bebê. “Já sentar no cadeirão com um prato com alimentos coloridos, que você pode pegar, cheirar, amassar e brincar, pode ser muito mais interessante”, comenta Juliana, da Vilarejo Nutrição. Vale lembrar que no BLW a criança come sozinhas, mas sempre com a supervisão de um adulto.

Ela comenta que alguns pais começam a alimentação dos filhos da forma tradicional e aos poucos migram para o BLW, método que foi criado pela consultora em saúde Gill Rapley e que é bem comum nos Estados Unidos e na Europa. Mãe de dois, Juliana conta que muitas vezes alternava entre fazer o BLW e amassar com o garfo algumas comidas.

A confeiteira Hannah Rocco Salgueiro, 33, começou a introdução alimentar de Arthur pelo método. Hoje, com nove meses, o menino come alimentos variados e, para a alegria da mãe, o pediatra diz que o desenvolvimento dele está ótimo.

“Ele nasceu prematuro, então, comecei a introdução alimentar bem devagar. Nos primeiros dias, ele não fazia nada. Depois, colocava na boca e não comia. Somente após alguns dias  começou a comer, principalmente, frutas como banana , mexerica e laranja lima”, diz Hannah que sempre testou os mesmos alimentos por três dias consecutivos para testar possíveis alergias do filho.

Superalimentação do bebê

A nutricionista comenta que no método BLW faz com que não haja superalimentação do bebê, ou seja, ele come o suficiente para estar satisfeito o que muitas vezes pode dar a impressão que o bebê come pouco.

“Quando alimentamos o bebê com uma colher e não respeitamos os sinais de que a criança não quer mais comer,  podemos ir além do seu centro de saciedade, oferecendo mais comida do que ele precisa. Isso, futuramente, pode levar à obesidade, por exemplo”, comenta. A criança que come sozinha, diz a nutricionista, cria uma relação muito positiva com o alimento.

Mãe de dois, a administradora Juliana Soares Lance, 31, diz que descobriu o BLW pois a caçula Giulia, 1,  não aceitava as papinhas tradicionais de jeito nenhum. “Ela sempre come só o que quer. Muitas vezes faço o prato completo com arroz, feijão, carne e ela só come as verduras e os legumes. Dificilmente ela aceita que eu dê comida na boca”, comenta a mãe.

Diferente do irmão, Antônio, 3, ela já manuseia perfeitamente os talheres e tem bastante independência na hora de comer.

Quais alimentos oferecer

A orientação é que os pais ofereçam primeiro alimentos que sejam mais ou menos do tamanho da mão do bebê para que ele possa pegar com a mão inteira. Algumas opções são cenoura, batata, brócolis e couve-flor (todos cozidos), maçã e banana. Mas nada impede de dar um pedaço de carne (em pedaço grande e bem macio), frango ou até mesmo pão.

“As leguminosas, como o feijão, podem ser oferecidas um pouquinho mais para frente assim que a alimentação for evoluindo”, orienta Juliana. Ela explica que por volta do sétimo ou oitavo mês o bebê já faz o movimento de  ‘pinça’ com as mãos para levar os grãos bem cozidos na boca.

Já o  arroz, por exemplo, pode ser servido como se fosse quase uma ‘papa’ para facilitar o bebê manipulá-lo com as suas mãozinhas. Juliana aconselha usar o arroz integral cateto que tem a forma arredondada e facilita a pega do bebê.

A nutricionista Juliana explica que a vantagem do BLW é que pode começar quando quiser e, se os pais preferirem, alternar com o método tradicional até observar a evolução e a aceitação da criança. “No BLW a criança possui curiosidade e vontade de experimentar novos alimentos e novas texturas. Come o que é suficiente para ela. Esses fatores são essenciais para levar uma vida saudável e evitar o sobrepeso e/ou doenças crônico-degenerativas como hipercolesterolemia, diabetes, pressão alta”.

Engasgos

Ao ouvir do BLW muitos pais se recusam a fazer o método pois temem os engasgos. Juliana explica que como a introdução alimentar só deve ser feita após o sexto mês de vida o bebê já  consegue pegar alimentos com as mãos e colocar na boca.

Nessa fase o bebê já pode mastigar com as suas gengivas ou poucos dentes, já sustenta a cabeça e grande parte deles já senta.

A nutricionista diz que esses sinais mostram que  bebê está maduro para começar a comer, pois servirão como mecanismos de defesa no caso de engasgos. “Na maioria das vezes o que acontece é um reflexo do músculo do garganta e o bebê rapidamente coloca para fora esse alimento, sem riscos para a sua saúde. Por mais incrível que possa parecer, dar o alimento com uma colher, pode ter mais risco de engasgo do que ele colocar na boca um alimento inteiro, isso porque o bebê pode engolir sem mastigar”, comenta.

Higiene

O BLW faz uma sujeira na casa, é claro, mas depois que temos filhos a nossa casa nunca mais foi a mesma, certo?

Para manter a higiene antes das refeições basta lavar as mãozinhas do bebê e fazer a alimentação em um cadeirão limpo. Deixar a criança se sujar faz parte e permite que ela adquira uma relação positiva com a comida.

“Também aguça  suas propriedades organolépticas. Com o nariz sente o cheiro, com as mãos a textura, com a boca o gosto. Sim, se sujar faz bem! Deixe para limpar a criança apenas no final da refeição”, aconselha.

Fonte: Uol

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