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O encontro é na academia

Quando Daiane, de 28 anos, considera a possibilidade de sair do trabalho, ir direto para casa e faltar na academia, lembra que o namorado já está lá esperando por ela. Foi a fórmula para driblar a preguiça e ainda ganhar uma hora por dia ao lado do designer Robson, de 26 anos. Embora eles não tenham se conhecido na academia, há dois anos decidiram que lá seria o ponto de encontro oficial durante a semana. “Quando um está cansado, o outro diz: ‘Vamos lá, vai ser rapidinho’”, afirma Daiane.
A tática adotada por Daiane e Santos é mais um dos artifícios usados por quem não tem tempo – nem muita paciência – para encarar academia. O educador físico Silvio Cabral, que trabalha há sete anos como personal trainer, diz que a estratégia é cada vez mais comum. 

Ele já treinou dez casais e diz que, nos últimos dois anos, a demanda aumentou. “Com a vida corrida, o horário em que o casal treina costuma ser o único tempo para ficar junto”, diz.
A percepção de Cabral é comprovada por estudos científicos. A pesquisadora Janaina Goston, da Universidade Federal de Minas Gerais, chegou à conclusão de que contar com a presença – ou até mesmo com uma carona para ir à academia ou apenas palavras de motivação de familiares e amigos – aumenta em quase três vezes a chance de persistir nos treinos. 

O grupo de pesquisa de que Janaina participa entrevistou 3.453 pessoas da região de Belo Horizonte. “Quem mencionou ter um amigo ou companheiro junto nas atividades físicas conseguiu cumprir com facilidade os 150 minutos de exercícios semanais recomendados pela Organização Mundial da Saúde”, diz Janaina.
Um estudo da Universidade Indiana, nos Estados Unidos, sugere que a motivação oferecida pelos parceiros é ainda maior do que por amigos. Os pesquisadores compararam a frequência de 32 duplas de alunos que frequentavam a academia juntos. Entre os pares formados por casais, apenas 6,3% desistiram dos treinos ao longo de um ano. Entre as duplas formadas por apenas conhecidos, 43% abandonaram. 

Uma das principais causas de desistência entre as duplas de conhecidos era a falta de apoio dos parceiros amorosos. Em casos como esses, em que um se dedica mais que o outro, os exercícios podem virar motivo de discórdia.
A dentista Gisela D., de 47 anos, conseguiu mudar a situação. Em sua casa, ela sempre foi a viciada em esportes. Já fez ginástica localizada, step, pilates e musculação. O marido, o também dentista Mauricio D, de 51 anos, tomou gosto pela malhação há pouco mais de um ano. Agora, é ele quem convence Gisela a ir para a academia. “Desde que comecei a ir com ele, não marco nenhum outro compromisso que possa afetar nosso treino”, diz Gisela.
Para quem tem um parceiro resistente aos exercícios, um estudo da Universidade do Arkansas pode fornecer um bom argumento. A pesquisa com 408 voluntários concluiu que o nível de condicionamento físico está diretamente ligado ao desejo sexual. “O exercício faz a pessoa se sentir melhor, diminui o estresse e, por isso, aumenta o desejo”, diz Michael Young, um dos autores da pesquisa. O tempo de convivência na academia ainda ajuda a aumentar a intimidade. “É um reforço para a relação”, diz a psicóloga Silvia Deschamps.
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Fonte: Época
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