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Veja como funciona o Programa dos Mil Dias, que começa na gravidez

De acordo com a OMS, as escolhas que fazemos durante a gestação e a amamentação podem afetar a saúde dos bebês hoje e sempre. A discussão em torno das dores e delícias da maternidade tem ocupado posts e mais posts nas redes sociais. Parece que o desafio de publicar fotos de momentos felizes com os filhos se tornou um campo de batalha entre quem só quer mostrar o lado bom da rotina com eles e quem quer aproveitar para desabafar e mostrar que nem tudo são flores. Dentre os assuntos mais polêmicos desta relação, o principal deles é a amamentação. Ainda há muitas dúvidas em torno dela. É mesmo necessário manter a amamentação exclusiva até os seis meses? Não posso nem dar água/chá/suco? Só o leite materno já é suficiente para matar a fome do bebê? Será que eu preciso mesmo amamentar até os dois anos?

Desde 2007 a Organização Mundial da Saúde desenvolveu o Programa dos Mil Dias que responde a estas perguntas e pode colaborar muito com a saúde e o desenvolvimento adequado dos pequenos, mas vai exigir ainda mais dedicação de vocês. A ideia é que a atenção dada durante a gestação e até os dois anos de vida da criança pode determinar a saúde do organismo dela para o resto da vida. Durante a gestação o equilíbrio nutricional da mãe dará condições para o que o bebê desenvolva bem as suas funções metabólicas, neurocomportamentais e imunológicas, por exemplo. Mas para que isso ocorra, ela tem que estar bem nutrida, ou seja, tem que comer uma quantidade adequada de alimentos e com grande qualidade e variedade.

Porém, grande parte das gestantes sentem enjôos nos primeiros meses, também por conta de carências nutricionais, e tendem a restringir muito o cardápio, passam a comer um número limitado de alimentos, que não provoquem esta sensação. Passado este período complicado, a ordem é não passar vontade e a partir daí surgem os excessos de doces, carboidratos e produtos ultraprocessados, que deveriam ser evitados neste período. Estudos comprovam que carências nutricionais da gestante na primeira metade da gravidez podem predispor o bebê a doenças neurocomportamentais, como TDAH. E na segunda metade da gestação, pode predispor a doenças metabólicas como obesidade, diabetes tipo 2 e resistência à insulina.

Há outro importante argumento para que se preste mais atenção ao que se vai ingerir com um serzinho na barriga. O sabor de todos os alimentos que a mulher consome durante a gestação e a amamentação passa para os filhos por meio da placenta e depois do leite materno. Portanto, quanto mais ela consumir frutas, verduras e legumes variados, mais familiaridade a criança terá com estes alimentos na hora da introdução alimentar. Fiz em casa uma pesquisa empírica sobre isso, teste feito e tese comprovada.

Finalmente chegamos na amamentação. Apesar de ser uma recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, no Brasil, a amamentação exclusiva dura em média 51 dias, antes do terceiro mês de vida já são introduzidos outros alimentos. Mas há iniciativas para reverter esse quadro (o indicado é a amamentação exclusiva até os seis meses e mantê-la até os dois anos). A Unicef e a OMS concedem o título de Hospital Amigo da Criança para aqueles que promovem a amamentação de primeira hora, ou seja, colocam o recém-nascido em contato com o peito da mãe logo após o parto. Esse gesto simples pode reduzir a mortalidade infantil e aumentar o tempo da amamentação, que garante uma melhor formação da microbiota intestinal e consequentemente do sistema imunológico, entre outros muitos benefícios.

A OMS também sugere o que deve ou não frequentar a rotina alimentar dos pequenos. O pico de formação do sistema nervoso central da criança ocorre entre o terceiro trimestre de gestação e o décimo oitavo mês de vida. Neste período ela tem uma grande necessidade de vitaminas e minerais. Por isso e por outras razões que já abordei em outro post,recomenda-se não introduzir açúcar e alimentos ultraprocessados nesse período, para que estas substâncias não ocupem o espaço dos nutrientes necessários para o desenvolvimento.

Matéria completa em O Globo

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