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Internato suíço quer atrair brasileiros

Instituto auf dem Rosenberg está em preparação para o início do ano letivo, em setembro, como ocorre na Suíça inteira. A diferença é que trata-se de um internato exclusivo e internacional, oferecendo "educação sob medida", para jovens entre 6 e 19 anos de famílias com muito dinheiro. Localizado em St. Gallen, perto das fronteiras da Suíça com a Alemanha e a Áustria, o Instituto auf dem Rosenberg é uma das três escolas mais caras do planeta: a anuidade chega a US$ 130 mil (R$ 426,8 mil) por estudante - supera também a fatura para estudar em Harvard, uma das melhores universidades do mundo, onde o custo é de US$ 106 mil (anuidade, hospedagem etc). "Aqui todo mundo é rico, nenhum aluno vai ficar impressionado com o outro", diz Bernhard Gademann, presidente da escola, que aposta agora em atrair estudantes afortunados de países emergentes, como o Brasil.

A Suíça tem uma longa tradição de internatos de elite, apoiando-se na imagem que criou de qualidade, estabilidade e segurança. Tem uma liga de 11 internatos internacionais, encabeçadas pelo Rosenberg, pela Ecole de Rosey, perto de Lausanne, e pelo Colégio Alpino Internacional Beau Soleil, em Villars. O preço das três é 40% mais elevado do que o de escolas de elite similares nos Estados Unidos e no Reino Unido.

O Instituto auf dem Rosenberg está completando 127 anos. Foi fundado em 1889, quando a região de St. Gallen era uma espécie de Vale do Silício da Europa com sua indústria textil. Em 1920, após a primeira guerra mundial, o mundo mudou. Mas os pensionatos de elite foram tomando corpo e atraindo mais estrangeiros.

A família Gademann comprou o instituto nos anos 1930. Bernhard representa a quarta geração consecutiva de sua família no comando de um segmento que tem lucratividade em linha com a indústria do luxo (veja texto ao lado).

O campus de 100 mil metros quadrados, com prédios históricos de onde é possivel ver o Lago de Constance, na fronteira com a Alemanha, abriga 260 garotos e garotas de 30 nacionalidades - os de origem suíça são apenas 5% do total. O aluno pode escolher entre cinco tipos de título acadêmico: britânico, americano, Abitur alemão, o suíço Matura e o italiano Maruritá. Pode decidir ter as aulas em inglês, alemão ou italiano.

As salas de aula têm apenas seis a oito alunos. Na média, há um professor para cada três alunos. Sobretudo, a escola oferece "educação sob medida", dependendo de cada um. "Tem aluno que precisa de ensino individual, por sua habilidade, talento, histórico. Não tem nenhum problema aqui", diz o presidente do instituto. "Podemos fornecer todos os instrumentos de que o estudante precisa para responder a seus sonhos, esperanças e ambições".

Filhos de magnatas de negócios ou de políticos, príncipes e outros coabitam durante anos, na escola ou em férias e por aí criam laços de negócios futuros.

Como os outros, Rosenbeg opera sob uma estrita política de privacidade. Nenhum nome de estudante, antigo ou atual, é revelado. A única exceção é a de Mario Molina, mexicano que ganhou o prêmio Nobel de química em 1995 por ter descoberto a camada de ozônio. Ele estudou na escola suíça entre 1957 e 1959.

imageO instituto procura enquadrar calmamente quem é particularmente mimado. Uma regra para todos é que não podem usar celular na sala de aula e no restaurante. Devem se deitar e apagar as luzes às 21h30, regra que se torna mais flexível na medida em que obtêm a confiança dos professores.

Internato de elite não quer dizer necessariamente opulência e luxo. O quarto é individual, de cerca de 15 metros quadrados, decorado de forma simples, bem à maneira protestante suíça. Para uma garotada que deve ter suíte de 200 metros quadrados em suas mansões familiares, deve ser um choque. O luxo aqui é ter o banheiro individual.

O traje na escola é terno e gravata. Além do currículo tradicional, o aluno precisa completar a carga horária com disciplinas que vão de como falar em público, empreendedorismo, mídia digital, fotografia, design de moda, artes decorativas, música, trabalhar em grupo ou habilidades para sobrevivência.

Mas se quiser se aprofundar em cultura egípcia ou dos índios da Amazônia, por exemplo, basta pedir. A escola arranja um especialista - e a fatura para o pai aumenta.

"Damos enorme importância a ensinar capacidades que vão além da sala de aula, como pensar de forma independente, ter auto-disciplina e inteligência emocional", diz o diretor do instituto. "O objetivo é que tenham a habilidade necessária para dominar todos os aspectos de seu futuro negócio e de sua vida pessoal".

As atividades esportivas vão de tênis, golfe, equitação a xadrez, artes marciais e acrobacias. As boas maneiras são aprendidas, ou melhoradas, a todo momento, a começar na sala de refeições. Todos permanecem em pé em torno da mesa, até o sino tocar. No primeiro sino, as garotas podem se sentar. No segundo, os garotos. No terceiro, podem começar a comer. A bandeja com a refeição é trazida por um garçom, ao contrário de alguns self-service em outras escolas de elite. Bernhard avalia que o menu do almoço custaria em torno de US$ 30 (R$ 98) num restaurante.

Com a escola em férias, esvaziada, o restaurante, a sala de concerto, a sala de balé - tudo está passando por revisão para dar início ao ano escolar com 60 alunos novos, dois deles do Brasil.

Para Bernhard, o Brasil tornou-se um mercado-chave. "Há consciência nas famílias sobre a importância de investir em educação de qualidade", diz. Para atrair brasileiros, o instituto promoverá várias iniciativas no país. No dia 14 de agosto, Dia dos Pais, fará uma apresentação no Iate Clube de São Paulo. Os brasileiros querem ver logo fotos, muitas fotos, do instituto. Algumas famílias escolhem primeiro temporadas menores, para estudos no verão ou no inverno, antes de decidir pelo pensionamento completo.

Indagado sobre algum problema com famílias envolvidas em corrupção, com filhos na escola, Bernhard sai pela tangente. "Quem paga milhares de dólares para a educação de um garoto tende a não ter problema com a origem de sua riqueza", retrucou.

Fonte: Valor
Enviada por JC

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