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Dados em redes sociais exigem cuidado especial

De nada adianta investir pesadamente em sistemas de proteção na internet e, depois, adotar um comportamento arriscado na hora de navegar na web. Muita gente ainda cai em armadilhas como e-mails que divulgam fotos supostamente escandalosas de artistas - na verdade um caminho para instalar vírus - ou fantasiosos contos do vigário. Há desde histórias de príncipes africanos em busca de alguém para transferir sua fortuna até prêmios da loteria da Nova Zelândia, oferecidos a quem nunca se aproximou da Oceania.
\"As pessoas têm no mundo virtual comportamentos que nunca teriam na vida real\", diz José Matias Neto, diretor da empresa americana de segurança McAfee.
Um dos problemas mais graves está no uso das redes sociais, como Facebook, Twitter e Foursquare. Muita gente não se intimida em descrever detalhadamente sua rotina diária, com indicações dos locais que frequenta e onde está em cada horário. Outra prática comum é exibir - de preferência com muitas fotos ao lado - as compras que acabaram de ser feitas. Pode ser o carrão novo, o apartamento recém-reformado ou o anel de brilhantes dado pelo noivo.
O que muita gente esquece é os criminosos também estão conectados. Para eles, essas informações funcionam como uma cartilha do que fazer. Em 2011, houve no Brasil um caso de sequestro em que os bandidos declaradamente se basearam na internet para levantar detalhes sobre a vítima.
A recomendação dos especialistas é prestar atenção nas configurações de privacidade das redes sociais, restringindo o acesso aos dados mais sensíveis a pessoas do círculo de relacionamento mais próximo.
Em viagens, por exemplo, a dica é não postar fotos enquanto se está fora de casa. Ao juntar diferentes informações on-line, um criminoso pode obter o endereço da vítima e aproveitar a oportunidade para roubar a casa. O melhor, nesses casos, é só colocar as fotos no perfil depois que as férias tiverem acabado. \"Antes de postar, pare e pense\", diz Matias, da McAfee.
Dependendo do grau de informações disponíveis, o criminoso pode preferir roubar a identidade da vítima para cometer crimes. A McAfee mostrou como isso é possível em uma experiência curiosa feita no Brasil. A companhia vasculhou a internet em busca de dados de um jornalista do setor de tecnologia. Depois, contratou um ator para se passar pelo profissional. Durante uma conferência de imprensa, o farsante levantou-se para fazer uma pergunta, identificando-se como o jornalista verdadeiro, que estava presente no evento. Ao ouvir alguém se passando por ele, o repórter protestou. O ator começou, então, a desfiar as informações coletadas para argumentar que ele era quem realmente dizia ser. Foi quando a companhia revelou a experiência, para mostrar que ninguém está a salvo de golpes na web.
As redes sociais não são o único elo fraco da cadeia. Muitas vezes, o acesso à internet também é feito de maneira descuidada. Com o avanço dos dispositivos móveis, como smartphones e tablets, tornou-se comum procurar pontos de acesso sem fio oferecidos gratuitamente por restaurantes, hotéis, clínicas e lojas. Não há dúvida de que essa é uma comodidade para os usuários. Enquanto espera o dentista, o cliente pode acessar seus e-mails ou ver um filme on-line, entre outras possibilidades. O problema é que não dá para saber se a rede em questão é segura. Eventualmente, a facilidade com que o cliente se conecta ao ponto sem fio é a mesma com que um invasor entra na rede para roubar informações. Há casos em que os próprios criminosos criam redes falsas com nomes que parecem de estabelecimentos verdadeiros, que servem de isca para o roubo de dados dos usuários.
O melhor é obter informações sobre o grau de segurança da rede ou, na impossibilidade disso, resistir à tentação de usar a conexão suspeita. Outra opção é assinar os serviços de rede privada virtual ou VPN, que protegem os dados.
Algumas pessoas costumam retirar os dados do ar quando percebem que foram longe demais. A medida não garante a segurança do usuário. Um ditado da era digital diz que \"uma vez na web, sempre na web\". Uma foto, declaração, filme ou o que quer que seja pode ser transferido para um computador pessoal a partir da internet. Mesmo que o autor da informação retire o dado original, há sempre a chance de que ele volte ao ar pelas mãos de quem armazenou aquela informação.
Fonte: Valor Econômico
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