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Pílula uma vez por mês é cientificamente possível, dizem especialistas

Um contraceptivo que age como uma pílula do dia seguinte, mas que poderia ser tomado um mês depois da relação sexual. Isto é cientificamente possível e seria bem-vindo para mulheres, afirma um artigo publicado no “Journal of Family Planning and Reproductive Health Care”, do “British Medical Journal”. Segundo os autores, ela seria parecida com a pílula do dia seguinte, utilizada após a relação sexual. A diferença é que a atual no mercado pode ser usada no máximo até 72 horas depois do sexo desprotegido, enquanto que esta seria usada uma vez a cada ciclo menstrual, não importando quantas relações sexuais ela tivesse praticado.

Mas os esforços para levar a pílula ao mercado podem não ter efeito, devido à polêmica que surgiria de oponentes do aborto. Isto porque, segundo o artigo, esta poderia interromper o curso da gravidez após a implantação do óvulo no útero, o que “por qualquer definição é aborto”, ilegal em vários países, como o Brasil.

“Se a droga fosse eficaz quando administrada depois da implantação do embrião, ela poderia até limitar o seu uso a uma média de poucas vezes ao ano, quando o período menstrual atrasasse. É importante ressaltar que métodos pós fertilização eliminariam a necessidade de iniciar a contracepção antes do sexo”, defende o documento.

O artigo ressalta que alguns métodos contraceptivos em uso já atuam depois da fertilização, pelo menos em parte. O dispositivo intra-uterino (DIU) previne a gravidez no útero, mas nem sempre previne a gravidez chamada ectópica, que pode ocorrer na trompa de Falópio. Ou seja, impede que o óvulo já fertilizado sejam implantado no útero. 
Os métodos contraceptivos hormonais podem afetar a longo prazo o revestimento do útero, reduzindo as chances de o embrião ser implantado. E enquanto a pílula do dia seguinte previne a fertilização, existe uma versão com a substância mifepristone, que, segundo o artigo, também é usada como abortiva.

A autora Elizabeth Raymond, do Projeto de Saúde Gynuity, diz que uma preocupação que ela e seus colegas compartilharam ao escrever o artigo foi divulgar alguns afeitos pós fertilização de alguns dos métodos contraceptivos atuais, por medo de gerar uma polêmica indesejável.

- A comunidade de defesa do planejamento familiar não quis falar muito sobre isso, porque poderia suscitar preocupações sobre os contraceptivos atuais, e isto poderia ser um problema - afirmou ela ao “Guardian”. - Mas achamos que precisamos estar abertos e realmente falar sobre como o método poderia funcionar se fosse desenvolvido. De maneira geral, isto vai nos ajudar a avançar. A luz do sol é o melhor desinfetante.

Segundo ela, há pesquisas sobre mulheres que gostariam de tomar pílulas menos frequentemente, mesmo que após a fertilização.

- Muitas mulheres não estão satisfeitas com os atuais métodos contraceptivos - acrescentou Elizabeth, que diz que nem todas querem tomar pílulas diariamente, especialmente se não têm vida sexual regular.
Fonte: O Globo
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