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´Chats´ de grupo se tornaram essenciais para empresas

Esqueça a inteligência artificial. Esqueça a computação em nuvem. Esqueça tudo que você acredita que vai separar os vencedores dos perdedores no negócio de serviços de tecnologia para empresas. O campo de batalha definidor da próxima década será o dos aplicativos de mensagens, ou “chats”, de grupo. Parece ridículo. Como algo criado principalmente como um “substituto do e-mail” pode ser mais importante que tantas outras tecnologias, do software de produtividade ao armazenamento de dados? A resposta é que os chats estão se tornando a espinha dorsal de muitas empresas, unindo tanto pessoas quanto múltiplos programas de software.

Considere o exemplo da revendedora Newcastle Chrysler, em Newcastle, cidade com 1.752 habitantes no Estado americano do Maine. Alex Miller trabalha na empresa da família desde os 12 anos, quando começou lavando carros. Agora, com 30 e ocupando o cargo de diretor de tecnologia da informação, ele diz que a revendedora não viveria sem o HipChat, aplicativo da Atlassian Corp.

Antes do HipChat, substituir uma peça exigia que um representante do serviço de atendimento ao cliente imprimisse um pedido, fosse até o departamento de peças e esperasse até um mecânico checar o estoque e procurar pela peça. Agora, isso virou uma interação de dois minutos em que um funcionário pode encontrar a peça requerida on-line, sem sair do app de mensagens.

Histórias como essa estão atraindo participantes cada vez maiores para o setor. Em outubro, o Facebook Inc. lançou o Workplace by Facebook, que replica a maior rede social do mundo para grupos dentro de uma organização. No início deste mês, a Microsoft Corp. acrescentou uma função de chat, chamada de Microsoft Teams, ao seu pacote Office 365 de aplicativos de produtividade, transformando qualquer documento on-line do Office no possível ponto inicial de uma discussão.

Com essas iniciativas, as duas gigantes se juntam a empresas já nascidas de aplicativos de chats, como HipChat e Slack Technologies Inc. Miller, da revendedora de carros, diz que o chat é superior a outros canais de comunicação porque pode ser tanto imediato e sincrônico, como uma reunião presencial ou telefonema, como assincrônico, como um e-mail.

Kevin Conroy, diretor de produto da GlobalGiving, plataforma de financiamento coletivo para organizações sem fins lucrativos, lembra do momento em que reconheceu o valor do chat. “Eu estava sentado num táxi, em Nairóbi, ajudando nosso [administrador de sistemas] em Washington a resolver um problema num sistema em Vancouver”, diz. Antes, isso exigiria uma “confusão” de e-mails, telefonemas e documentos, com atrasos de horas ou dias nas comunicações e complicado por fusos horários diferentes, diz ele.

No caso recente do furacão Matthew, Conroy diz que sua equipe não teria conseguido coordenar os recursos para organizações de caridade sem o HipChat. Ele transmite notícias, previsões e mensagens de redes sociais. “Ele permitiu que nosso pessoal trabalhasse com as organizações em terra na República Dominicana e no Haiti e permitiu que as pessoas nos mantivessem informados com notícias em tempo real”, diz ele.

O papel do chat na melhoria das comunicações entre equipes está bem documentado. Agora, ele está surgindo como uma forma de coordenar funções em uma empresa. A tendência, chamada “ChatOps”, uma referência a operações por chats, começou com desenvolvedores de software, mas está se espalhando para trabalhadores não técnicos.

Os primeiros desenvolvedores que adotaram o recurso começaram a integrar os chamados “chatbots” — programas de conversação que simulam humanos — nas plataformas do Slack ou HipChat para avisar administradores quando um servidor parava de funcionar, por exemplo. Os dois apps podem se conectar com outros serviços, ou códigos de software customizados, possibilitando que computadores externos enviem notificações para os chats de grupo. A interação também pode fazer o caminho inverso, enviando comandos de uma janela do chat para um sistema remoto.

Na essência, o ChatOps é uma forma de integrar todas as funções de que uma pessoa precisa para trabalhar em apenas uma janela — a janela do chat. “O chat substitui 100 navegadores abertos”, diz Steve Goldsmith, gerente-geral do HipChat. “Tenho uma sala, os serviços específicos ligados a ela e posso recorrer a mensagens de vídeo quando digitar for muito lento.”

Conroy diz que sua equipe substituiu uma reunião diária de check-in de 15 minutos com uma conversa de dois minutos conduzida pelo chat, que permite que os membros da equipe detalhem o que fizeram ontem, o que planejam fazer hoje e qualquer obstáculo ao seu trabalho.

No Museu de Artes e Ciências Aplicadas de Sydney, cada nova exposição tem sua própria entrada em um sistema chamado Jira, normalmente usado para administrar projetos de desenvolvimento de software. O museu conecta o Jira, também produzido pela Atlassian, ao HipChat para criar um centro de informação para várias exposições, que inclui uma máquina a vapor em funcionamento. Quando surge algum problema, empregados são instantaneamente alertados em seus dispositivos móveis e podem entrar no chat para discutir soluções. É uma tradução literal do ChatOps para objetos do mundo real e para empresas fora do setor de software.

Além disso, hotéis estão equipando funcionários com aplicativos de chat e criando salas de conversas para cada quarto físico para monitorar suas condições antes da chegada de um novo hóspede. A equipe de design da International Business Machines Corp., que tem 1.300 pessoas, usa o Slack para discutir e votar rapidamente os designs propostos.

O crescimento explosivo do Slack, que possui quatro milhões de usuários ativos por dia e foi avaliado em US$ 3,8 bilhões no início do ano, não aconteceu só porque as pessoas gostam de conversar no trabalho. Os chats estão decolando porque eles centralizam tanto as tarefas como as comunicações sobre essas tarefas. Eles são convenientes. E podem até provocar um aumento da produtividade — mas isso só o futuro vai dizer.

Fonte: WSJ
Enviada por JC

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