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Não há provas de que refrigerante dietético ajude a emagrecer, diz estudo

Bebidas "diet" costumam ser vistas como alternativas mais saudáveis do que seus primos açucarados, mas não há, na ciência, evidência de que isto seja uma verdade. Esta foi a conclusão de um estudo publicado nesta terça-feira no periódico "PLOS Medicine", com autores ingleses do Imperial College London e brasileiros, das Universidades de São Paulo (USP) e de Pelotas (UFPel). Os pesquisadores, em meio a uma revisão de estudos anteriores sobre o assunto, alertam que a falsa impressão pode ter origem em estratégias de marketing das grandes empresas do ramo e leva a uma regulação fraca por parte dos governos em comparação com o controle de bebidas com açúcar. 

A análise se centrou nos impactos das bebidas, como refrigerantes, sucos e chás gelados, no ganho de peso e na obesidade. Além de não terem sido encontradas evidências de que as bebidas adoçadas artificialmente seriam mais saudáveis, os pesquisadores apontaram para uma falta de estudos sobre os efeitos destes produtos para a saúde a longo prazo. Por isso, eles alertam: "Bebidas adoçadas artificialmente não devem ser promovidas como parte de uma dieta saudável".

— Uma percepção comum, que pode ser influenciada pelo marketing da indústria, é que por não terem açúcar, as bebidas "diet" são mais saudáveis e ajudam na perda de peso quando usadas como substitutos das versões açucaradas. No entanto, não encontramos nenhuma evidência sólida para sustentar isto — aponta o professor Christopher Millett, um dos autores do estudo.

Já é sabido como as bebidas açucaradas compõem boa parte da dieta de países em todo o mundo, como no Brasil, constituindo uma opção cheia de calorias, mas com poucos nutrientes. Seu consumo é uma fator importante para o aumento da obesidade e da diabete. Por outro lado, apesar de não ter sido demonstrado que são mais prejudiciais, as opções "diet" podem estimular a ingestão alimentar ao ativarem os receptores do sabor doce.

O professor Carlos Monteiro, da USP, sugere um substituto mais sóbrio, porém comprovadamente mais saudável, para as bebidas açucaradas e "diet": a água.

— Os impostos e a regulação em bebidas açúcaradas, e não em adoçadas artificialmente, irão em última instância promover o consumo de produtos "diet" em vez da água pura — a fonte de hidratação desejável a todos.

Além dos danos à saúde, os autores apontaram também para os malefícios dos produtos ao meio ambiente — como por exemplo até 300 litros de água necessários para a produção de uma garrafa plástica de 0,5 litros.

No entanto, alguns cientistas não envolvidos no estudo se posicionaram negativamente sobre os seus resultados. Um deles foi o professor Tom Sanders, da King's College London, classificando-o como "uma peça de opinião em vez de uma revisão sistemática de evidências". "A conclusão de que bebidas com redução de açúcar ou sem açucar não deveriam ser promovidas ou vistas como parte de uma dieta saudável parece não ter base e ser suscetível a aumentar a confusão do público", escreveu.

Fonte: O Globo

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