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Por que seus filhos não fazem exercícios físicos suficiente e como mudar isto

Tirar as crianças do sofá, levá-las para fora, para longe da TV pode ser uma tarefa desafiadora para qualquer pai ou mãe, particularmente na era de vidas cada vez mais sedentárias e focadas em telas – de computadores, smartphones, vídeo games. Para uma vida saudável, recomenda-se atualmente que crianças façam pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa diariamente.

Porém, isso tem entrado em declínio nos últimos anos. Atualmente, apenas 21% dos meninos e 16% das meninas na Inglaterra estão cumprindo as recomendações atuais. No Brasil, apesar da Educação Física ser obrigatória nas escolas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação não determina uma carga horária para a disciplina, ficando a cargo do projeto pedagógico de cada escola a adequação à lei.

“Esta falta de atividade tem grandes implicações para a saúde das crianças, incluindo um aumento do risco de obesidade e diabetes”, explicam Helen Ingle, professora sênior em Promoção da Saúde, e Susan Coan, sua assistente de pesquisa, ambas da Universidade de Leeds Beckett, no Reino Unido. A dupla perguntou às crianças por que elas não faziam exercícios o suficiente. “A pesquisa também mostrou que isso pode afetar a saúde mental e o bem-estar das crianças, juntamente com seu desempenho acadêmico”.

De acordo com o artigo sobre a pesquisa publicado pelas autoras no site The Conversation, os níveis de atividade física das crianças são influenciados por uma série de fatores, incluindo amigos e familiares, escolas e professores e a área em que vivem.

Como melhorar?

Para ajudar a compreender melhor os fatores que podem ajudar ou dificultar os níveis de atividade física das crianças de hoje, as pesquisadoras conversaram com 133 crianças entre as idades de sete e 11 anos em várias escolas na Inglaterra e no País de Gales.

“Descobrimos duas barreiras principais para as crianças quando se trata de exercício: tempo [em frente a] telas e estilos de vida atribulado da família – duas coisas com que tenho certeza que muitos pais podem se relacionar”.

Levando esses dois fatores em consideração, as autoras definiram algumas dicas de como ajudar as crianças a dedicarem mais tempo a exercícios físicos.

1. Alterar a maneira como as crianças usam computadores, smartphones, TV e vídeo games

Muitas das crianças no estudo relataram ter acesso a uma ampla gama de opções de atividades relacionadas a telas, como computadores, tablets e telefones celulares. E muitos deles falaram sobre a natureza viciante destas atividades, dizendo que eles podem muitas vezes ficar horas presos a elas.

“Normalmente, nos finais de semana, acabo de acordar e assisto TV. Então às nove da manhã eu começo a jogar vídeo games e quando eu tenho que parar [de jogar], eu apenas assisto TV”, contou uma das crianças entrevistadas. “Um pouco mais tarde, eu pergunto e [os pais] dizem ‘sim’, e eu volto para os videogames. E então quando eu tenho que parar eu normalmente assisto a um filme na Netflix, no meu tablet. E em seguida eu jogo vídeo game. E é isso que eu faço. E às vezes eu vou ao parque”.

“O ‘tempo de tela’ é uma barreira significativa para as crianças serem ativas e pode ser viciante – mas não precisa ser só uma má notícia”, explicam as pesquisadoras. Além de impor limites de tempo de exposição a estes dispositivos, os pais também podem incentivar as crianças a usá-los de uma forma positiva, para ajudá-los a fazer atividades físicas.

“Isso pode incluir o uso de pedômetros ou rastreadores de atividade, que podem ajudar a monitorar e aumentar os níveis de atividade e acompanhar o progresso ao longo do caminho”, apontam. Isso sem contar jogos que incentivam a movimentação, como, por exemplo, vídeo games de dança ou aplicativos como Pokémon Go.

2. Seja um exemplo

Apoio e encorajamento dos membros da família é um fator realmente importante para aumentar os níveis de atividade das crianças. “Nossa pesquisa mostrou que não se trata apenas da possibilidade de comprar equipamentos caros ou levar as crianças para atividades de contraturno e clubes esportivos – trata-se de como dar um bom exemplo de como viver uma vida ativa”.

Isto inclui reforçar os benefícios de ser ativo e ter o hábito de praticar exercícios desde cedo.

“Ficar ao ar livre e na natureza pode ser uma ótima maneira de fazer as crianças perceberem os benefícios de estar em forma e saudável”, conta as pesquisadoras. “Isso pode incluir visitas a espaços verdes, parques, playgrounds, passeios e ciclovias como parte de sua vida familiar cotidiana”.

Também é importante mostrar que o mau tempo não é desculpa: uma jaqueta impermeável ou uma capa de chuva combinadas com galochas ensinam às crianças que fazer atividades ao ar livre é sempre uma opção.

3. Abra espaço na agenda

A vida familiar moderna pode ser muito agitada e muitas vezes pode parecer um desafio encontrar tempo e energia para ser ativo. A pesquisa mostrou que muitas famílias poderiam ter um pouco de ajuda e apoio para encontrar maneiras de integrar a atividade física em suas vidas.

“Eu quero ser mais ativo porque eu e minha mãe costumávamos correr 5 quilômetros, mas por alguma razão ela se esquece e eu continuo tentando lembrá-la, mas ela está sempre ocupada”, contou outra criança que participou da pesquisa.

Para as autoras, porém, algumas pequenas mudanças nas rotinas diárias e um pouco de planejamento podem fazer toda a diferença. “[É possível fazer] coisas como parar por 15 minutos no parque no caminho da escola para casa – ou crianças caminhando ou pedalando sempre que possível”, sugerem. “As famílias também podem encontrar maneiras de serem ativos dentro de casa, incluindo vídeo games de dança ou outras atividades”.

Apesar de soarem como mudanças pequenas, estes tipos de adaptação da rotina, somados, podem ter um grande impacto sobre a saúde e bem-estar das crianças. 

Fonte: Hypescience

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