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Facebook disponibiliza sistema para detectar notícias falsas

“Queremos que a informação compartilhada no Facebook seja verdadeira, séria”, afirma Adam Mosseri, vice-presidente do news feed, o alimentador de notícias do serviço, que todos os usuários veem assim que entram em sua página da rede social mais grande do mundo. O Facebook anunciou que poria a partir desta sexta-feira um filtro para detectar boatos inverídicos, notícias falsas e propaganda, de modo a alertar o usuário sobre a pouca veracidade do conteúdo visto e frear sua divulgação. No início estará disponível em 14 países, entre os quais o Brasil.

Ele considera que o impacto será grande: “Será visto por milhões de usuários”. O Facebook tem mais de 1,7 bilhão de perfis ativos no mundo. A Alemanha foi o primeiro país em que esse novo sistema foi integrado experimentalmente.

Em Menlo Park, sede da empresa, há uma obsessão para que façam exatamente o contrário do que se espera no Facebook. “Nossa natureza é compartilhar. Nesses casos pedimos que não se faça isso, que se breque a divulgação”, afirma Mosseri, por telefone.

O executivo admite que as notícias falsas são um flagelo para sua empresa, mas com atenuantes. Não acha que seja algo novo nem que toda responsabilidade seja sua. O Facebook se concentra em três eixos para desativar o conteúdo: eliminar os incentivos econômicos desse tipo de publicação, criar novos produtos que freiem esse conteúdo e ajudar a sociedade a tomar decisões com base numa informação.

Mosseri acha que o primeiro ponto é uma das chaves para que deixe de ser atraente encher a rede e os murais de informação falsa. “Percebemos que quase sempre o incentivo para frear essa página é mais econômico que ideológico. Quase sempre se repete um esquema: páginas com três ou quatro frases iniciais, que é o que se costuma ver no resumo do news feed, e o resto é publicidade. É publicidade 80% ou 90% do artigo. Quando alguém clica nele, o dono da página lucra”, explica.

Cancelar contas

Além de contar com uma equipe humana dedicada a comprovar a veracidade dos fatos, será dada especial atenção a quem compra anúncios para dar mais visibilidade a notícias falsas e vai ser acrescentada uma camada de inteligência artificial para detectar melhor a partir de padrões de comportamento. Acrescenta que não vão hesitar na hora de suspender e cancelar contas que tenham originado esse tipo de conteúdo.

Mosseri insiste em que vão fazer um esforço para identificar e reduzir esse conteúdo. “Não podemos ser juízes da verdade, mas sim trabalhar com organizações que nos ajudam a tomar melhores decisões e nos dão contexto na hora de avaliar.”

O envolvimento dos usuários na hora de denunciar a informação suspeita será uma das opções que o Facebook quer estimular, com um botão para marcar como duvidosos os posts. A rede social vai verificar, e, ainda que não a censure, os perfis que a virem a partir do momento em que se decida que não é fato certo verão um sinal de marcação e receberão uma advertência antes de compartilhá-la de novo.

“Vamos melhorar a forma como se decide aquilo que aparece no mural. Por exemplo, notamos que muitas vezes quando alguém lê um artigo não o compartilha. E vice-versa, muitas vezes o mais compartilhado não é lido. Queremos que o falso não seja divulgado sem controle, mesmo que não seja clicado”, diz, explicando as mudanças em seu algoritmo.

Por último, e na tentativa de oferecer informação de mais qualidade aos usuários, quer trabalhar de modo mais próximo com os meios de comunicação. Para isso foi criado o Facebook Journalism Project. “Temos o compromisso de fazer melhores ferramentas, serviços e produtos juntos. Para que os cidadãos tenham informação melhor. Estamos nos aproximando de especialistas, como a escola de jornalismo Walter Cronkite, do Arizona, em colaboração com o News Literacy Project, iniciativa sem fins lucrativos que ajuda a formar os perfis a averiguar melhor no Facebook”, diz. Além disso, aderiu à News Integrity Initiative, iniciativa com 25 membros que combina tanto empresas de comunicação quanto instituições ou fundações como a Mozilla. O fundo inicial tem US$ 14 milhões (cerca de R$ 45 milhões) para aprofundar a pesquisa sobre notícias, formatos e sua divulgação.

Os usuários do Brasil e outros 13 países, incluindo Argentina, Colômbia e México, veêm no topo do feed de notícias uma área informativa para ajudar as pessoas a identificar conteúdos falsos. Ao clicar na ferramenta, é possível encontrar mais informações e recursos na Central de Ajuda do Facebook, com dicas sobre como identificar notícias falsas.

Esse ainda não é o recurso oficial do Facebook, mas pode ser um sinal de que a empresa está se preparando para disponibilizar a ferramenta de verificação na América Latina.

Veja as 10 dicas que o Facebook lista para ajudar na hora de identificar notícias falsas:

Manchetes
Notícias falsas muitas vezes possuem manchetes atraentes e com pontos de exclamação.

URL
Verifique se a URL da notícia é realmente do site a que ela diz pertencer. Os sites falsos que imitam páginas verdadeiras fazem algumas alterações na URL que podem ser identificadas.

Fonte
Certifique-se de que a matéria foi escrita por uma fonte confiável ou com uma boa reputação. 

Imagens
As notícias falsas contêm imagens ou vídeos que foram manipulados; às vezes, a foto pode ser autêntica, mas estar fora do contexto. 

Formatação
Sites falsos costumam apresentar erros ortográficos e layouts desajeitados.

Datas
O histórico das notícias falsas pode conter cronogramas que não fazem sentido ou datas de eventos que foram alteradas.

Provas
Verifique as fontes do autor do texto para confirmar se elas são precisas. A falta de evidências ou o uso de especialistas não identificados pode indicar que a história é falsa. 

Procure em outros lugares
Procure a notícia em outros sites, pois, se nenhuma outra fonte está relatando a história, pode ser que ela seja falsa.

Humor
Às vezes, é difícil distinguir uma notícia falsa de uma sátira, por isso, é importante conferir se o site é voltado para o humor. 

Pensamento crítico
Analise criticamente tudo o que você lê e compartilhe somente aquilo que confiar ser verdadeiro.

Fonte: El País

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