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Pesquisa liga 52 genes à inteligência – e os mais espertos fumam menos

Uma equipe de cientistas europeus e americanos anunciou a identificação de 52 genes ligados à inteligência em cerca de 80 mil pessoas. Por cerca de um século, psicólogos vêm estudando a inteligência com testes para habilidades mentais diferentes, mas ainda não se sabe o que no cérebro responde pela característica. Danielle Posthuma, geneticista da Universidade Livre de Amsterdã e principal autora do novo artigo científico, interessou-se pelos estudos de inteligência na década de 1990. "É uma questão de conexões do cérebro ou de neurotransmissores insuficientes?" Ela queria achar os genes que influenciam a inteligência e começou a estudar gêmeos idênticos. Outros estudos também mostraram uma clara influência genética.

Avanços na tecnologia de sequenciamento de DNA elevaram a chance de os cientistas acharem genes por trás das diferenças nos testes. Alguns candidatos foram encontrados em populações pequenas, mas seus efeitos não apareciam em estudos maiores.

Então os cientistas se voltaram para a análise genômica. A ideia é sequenciar partes de material genético espalhados pelo DNA de pessoas sem qualquer relação, e então ver se as pessoas que compartilham características –como bons resultados em testes de inteligência– também têm o mesmo marcador genético.

No novo estudo, 52 genes apareceram com ligações fortes com a inteligência –40 deles eram desconhecidos.

Mas trabalhos como esse não significam que a inteligência é estabelecida pelos genes. "Entender a biologia de algo não significa reduzi-la ao determinismo", disse Stuart J. Ritchie, geneticista da Universidade de Edimburgo. Em uma analogia, ele lembra que a miopia é influenciada fortemente pelos genes, mas podemos mudar o ambiente – por meio de óculos.

Um melhor entendimento da genética da inteligência possibilitaria encontrar formas melhores de ajudar no desenvolvimento intelectual de crianças. Conhecer as variações genéticas das pessoas auxiliaria os cientistas a medir quão eficazes as diferentes estratégias são.

Danielle quer agora entender os 52 genes descobertos. As variações que aumentam a inteligência aparecem com mais frequência em pessoas que nunca fumaram. Algumas também são vistas mais em pessoas que fumaram mas conseguiram parar.

Ainda não dá para fizer o que os genes realmente fazem. Quatro deles são conhecidos por controlar o desenvolvimento das células, e três têm uma série de funções dentro dos neurônios. O primeiro passo para cientistas entenderem o que torna esses genes especiais será conduzir experimentos em células de cérebro, em miniversões do órgão, para ver se as diferenças genéticas os fazem se comportar de forma diferente. 

Fonte: Folha

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