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Na internet, propaganda incomoda muito mais

Com expectativa de superar US$ 220 bilhões em receita no mundo em 2017, a publicidade digital tem se tornado cada vez mais presente na vida dos internautas. Mas essa não é uma boa notícia para a maioria dos usuários de sites e aplicativos. Ao contrário, a opinião geral é que os anúncios são irritantes e atrapalham a visualização do conteúdo que realmente interessa. Segundo pesquisa feita pela Ipsos Public Affairs, 75% das pessoas dizem que os anúncios são irrelevantes. No Brasil, o percentual ficou em 65%. Oito entre 10 pessoas consultadas no mundo, assim como no Brasil, disseram acreditar que a publicidade deixa sua navegação mais lenta. E para não se expor à propaganda, 57% dos usuários no mundo disseram usar bloqueadores de anúncios. O número foi ainda mais alto no Brasil, 64%, o que coloca o país como o 6º maior no uso desse tipo de ferramenta. O levantamento ouviu quase 18,2 mil pessoas entre 16 e 64 anos em 23 países, entre setembro e outubro do ano passado.

Na avaliação de Danilo Cersosimo, diretor Ipsos no Brasil, a rejeição à publicidade na internet é surpreendente. À medida que passam mais tempo on-line, as pessoas deveriam estar propensas a ver anúncios, diz o especialista. O curioso é que ao mesmo tempo em que recusam a publicidade, uma forma de financiar o conteúdo, os internautas não se mostram dispostos a pagar por ele. "Esse é o grande desafio", afirma Cersosimo.

De acordo com o executivo, para mudar a percepção dos usuários, a comunicação on-line precisa ficar mais dinâmica e atraente, com interações que criem identificação com quem navega na web, ou usa um aplicativo. "[Essa rejeição] não faz as pessoas se distanciarem do conteúdo. Elas vão continuar acessando o que importa para elas. A questão é qualificar a audiência."

Para Hugo Rodrigues, da agência Publicis, o resultado da pesquisa deve ser avaliado com serenidade. "O digital nunca foi a solução de todos os problemas da comunicação como se vendia, nem é o maior problema entre todas as plataformas. O meio termo é importante nessa análise", diz. Segundo ele, o fato de a internet ter se desenvolvido sem a publicidade, em um primeiro momento, criou maior aversão à interrupção dos anúncios. Mas é natural que, ao ganhar escala, ela atraia a atenção das marcas.

Rodrigues avalia que a próxima geração, batizada de Alpha (que sucede a Z, ou Millenial) estará mais habituada ao modelo.

Um dos grandes trunfos da publicidade digital é a capacidade de personalizar anúncios para públicos específicos, direcionando os esforços apenas à audiência que importa a uma marca. O recurso, no entanto, não estaria sendo bem utilizado, o que resultaria em um bombeiro do internauta por anúncios que não lhe interessam.

Para Marcelo Tripoli, sócio e diretor de criação da REF+T, é papel de todos os profissionais do setor trabalhar para criar mensagens que sejam mais relevantes. "Quando há relevância, não há essa reclamação. Mas é preciso inteligência pra construir conteúdo que não seja só vender um produto", afirma.

Fonte: Valor
Enviada por JC

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