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Como os holandeses enfrentam o envelhecimento

Nico van Meeteren é professor de fisioterapia da Universidade de Maastricht e diretor da Health-Holland, divisão de inovação e tecnologia do Departamento de Ciências de Saúde e Vida do governo holandês. Aqui, ele conta o que o país faz para garantir o bem-estar da população mais velha: 

Na Holanda, como anda a preocupação com o papel dos idosos na sociedade?

Em primeiro lugar, o envelhecimento é um indicador de sucesso para nós. Hoje em dia, conseguimos reunir numa foto seis gerações da mesma família. Isso é fabuloso e significa que transformamos doenças letais em condições crônicas. Sobre o impacto que esses indivíduos terão no nosso meio, isso é muito novo para todos. Eles formam uma nova geração, mais numerosa e longeva. Aqui na Holanda, nós analisamos cuidadosamente o que eles querem fazer, suas preferências e capacidades adaptativas. E essa deveria ser a prioridade em todos os lugares.

Como vocês lidam com problemas clássicos dessa idade, como locomoção e acesso aos cuidados de saúde?

Nós acreditamos que o processo de envelhecimento saudável se inicia ainda na infância. Portanto, se começarmos a agir nessa fase, ou até antes, no período gestacional, garantiremos que todos tenham bons hábitos e mantenham a saúde ao longo da vida. Nossa população idosa está se tornando saudável. Também pensamos em modos de integrar jovens e idosos por meio de abordagens intergeracionais. Todos devem participar e se ajudar. Será que sujeitos mais velhos não podem cuidar dos bebês de seus parentes mais novos enquanto eles estão no trabalho, por exemplo? Nós chamamos isso de sociedade de participação.

Como trabalhar a prevenção de doenças numa fase relacionada sobretudo a tratamentos?

Temos grandes projetos nacionais de prevenção primária com o objetivo de reduzir o estilo de vida sedentário e impedir o aparecimento de doenças. Desenvolvemos programas de rastreamento de enfermidades, como o câncer colorretal, uma vez que sabemos que o diagnóstico precoce evita complicações e mortes. Ainda elaboramos uma agenda nacional de ciência, um trabalho de cooperação entre governo, universidades e empresas para a produção de conhecimento e inovação.

Você acredita que um programa desses pode funcionar num país com maiores dimensões, caso do Brasil?

Eu estou completamente convencido de que isso é possível. Claro que são necessários ajustes para cada contexto. Nações como o Brasil, que passaram por enormes mudanças estruturais nas últimas três décadas, são capazes de estabelecer políticas voltadas para os mais velhos. Vocês devem aumentar a expectativa de vida nos próximos anos. E o envelhecimento é um fenômeno novo para a sociedade. Precisamos analisar como essas mudanças impactarão as relações de trabalho, cultura, economia - e que pontos devemos corrigir para desenvolver soluções novas e criativas.

Fonte: Saúde

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