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Americanos ganham Nobel por relógio biológico

Os cientistas americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young ganharam ontem o Prêmio Nobel de Medicina de 2017 por desvendarem os mecanismos moleculares que controlam os relógios internos do nosso organismo. Esses mecanismos ajudam a explicar por que as pessoas sofrem de "jet lag" (distúrbio comum em viagens, devido à diferença de fuso horário) quando seus ritmos circadianos internos saem de sincronia. Têm ainda implicações mais amplas no caso de distúrbios que vão desde a insônia até a depressão, passando por doenças cardíacas. A cronobiologia (estudo dos relógios biológicos) é atualmente um campo de pesquisa crescente graças ao trabalho pioneiro dos três cientistas, que explicaram o papel de determinados genes.

Atualmente, cientistas estão pesquisando novos tratamentos baseados nesses ciclos circadianos (como fixar os melhores horários para tomar remédios) e há um foco crescente na importância de ter padrões de sono saudáveis. "Essa capacidade de se preparar para as flutuações diárias normais é decisiva para todas as formas de vida", disse à imprensa Thomas Perlmann, secretário do Comitê Nobel do Instituto Karolinska.

"Os laureados deste ano vêm estudando esse problema fundamental e solucionaram o mistério de como um relógio interno do nosso organismo consegue prever flutuações diárias entre noite e dia a fim de otimizar nosso comportamento e nossa fisiologia."

"[A pesquisa] ainda não teve enorme impacto prático, portanto trata-se mesmo de uma descoberta muito básica.", disse Rosbash. Hall, hoje na Universidade do Maine, trabalhou com Rosbash quando ambos estavam na Universidade Brandeis (Massachusetts). Young é da Universidade Rockefeller, de Nova York. Eles dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão.

Os cientistas já refletiam sobre o conceito de genes do relógio do organismo nas décadas de 60 e 70. Depois, em meados dos anos 80, eles usaram moscas para isolar um gene chamado period. que controla o ritmo biológico diário e mostraram como ele codifica uma proteína chamada PER, que se acumula nas células durante a noite e se degrada de dia. Novas pesquisas revelaram o papel de outros genes nesse complexo sistema.

A descoberta contribui para explicar como plantas, animais e seres humanos adaptam seu ritmo biológico de modo a sincronizá-lo com a rotação da Terra.

Cientistas entendem agora que os relógios do corpo influenciam o grau de vigilância, a fome, o metabolismo, a fertilidade, o humor e outras condições fisiológicas. E começaram a estudar as implicações de padrões de sono e de trabalho instáveis ou de crianças que vão dormir tarde da noite. "Estamos aprendendo cada vez mais qual é o impacto de não seguir seu relógio sobre as pessoas", disse Christer Hoog, do comitê do Nobel.


Fonte: Valor
Enviada por JC

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