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Qual é a hora de iniciar as crianças nos exercícios físicos? Veja o que é recomendado

Dá para escolher entre escolinha de futsal, de tênis, de natação. Também tem judô, balé e até ioga para a criançada. Opções não faltam. Mas você sabe qual é o momento certo de iniciar seu filho nos exercícios físicos? A pediatra Aline Friedrichs de Souza, professora da Faculdade de Medicina da Unisinos, brinca que a hora de começar coincide com a saída da criança da maternidade. Claro que as atividades propostas para bebês são muito simples e leves – é basicamente o incentivo à movimentação e à interação com o meio. É à medida que a criança cresce que os movimentos ficam mais complexos. Brincadeiras como o pega-pega podem se somar à iniciação a alguns tipos de esportes a partir dos três anos, explica a pediatra. As modalidades competitivas, com cobrança de resultados, são mais indicadas a partir dos nove anos.

Quando adequados à etapa de crescimento e desenvolvimento, os exercícios devem ser diários. De acordo com o manual de orientação lançado no ano passado pelo Grupo de Trabalho em Atividade Física da Sociedade Brasileira de Pediatria, é recomendado que crianças a partir de seis anos acumulem pelo menos 60 minutos de exercício por dia. Entre os benefícios, está o aumento da saúde cardiorrespiratória, que ajuda a evitar doenças crônicas não transmissíveis e outras condições que são um bicho-papão, como hipertensão, diabetes e obesidade, explica o professor de Educação Física Rodrigo Flores Sartori, da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS. Também auxilia na socialização e no desenvolvimento de trabalho em equipe, no caso dos esportes coletivos.

— Eles aprendem que, se alguém erra, não adianta xingar. Tem de trabalhar junto para adquirir conquistas — afirma Sartori.

É preciso respeitar o perfil dos pequenos
Deve-se atentar aos limites para a prática, especialmente em relação à intensidade dos exercícios de acordo com a idade. A musculação, por exemplo, não é o esporte mais recomendado para as crianças – salvo exceções de indicações clínicas, com orientação o tempo inteiro, ressalva Aline. Quando não é bem indicada e supervisionada, pode haver risco de lesões articulares e sobrecarga de músculos ainda muito frágeis. Sem falar que haveria a necessidade de equipamentos adequados para o tamanho das crianças.

Há também mitos envolvendo algumas modalidades. Você já deve ter ouvido que a prática de ginástica artística pode prejudicar o crescimento – possivelmente porque muitos dos ginastas são baixinhos. Acontece que, em geral, pessoas de estatura menor têm mais facilidade com os movimentos do esporte, segundo Aline. Mas ela ressalta que, também nesse esporte, é indicado aguardar até os nove anos para competições, observar a intensidade dos exercícios conforme a idade, além de contar com orientação de profissionais sérios.

Presidente do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do RS, Renato Santos Coelho evidencia que é necessário valorizar o lado lúdico dos exercícios, estimulando a habilidade motora e a diversão:

— O que não se pode é colocar crianças de cinco ou seis anos em torneios. É uma criança que não está ainda em condição de maturidade para suportar uma competição, a frustração do perder.

Ele também destaca a importância de respeitar a criança que não gosta de esportes – afinal, como os adultos, há aqueles com menos propensão a serem esportistas. Daí o desafio dos pais de mantê-las ativas. Trocar o carro por uma caminhada ou usar a escada em vez do elevador podem ser um bom começo.

Atividades para bebês: é necessário?
Especialistas atentam para as vantagens de provocar pequenos estímulos no bebê desde cedo. O estímulo motor leva o cuidador a incentivar também a interação, destaca Renato Santos Coelho. Aos recém-nascidos, não vão muito além da movimentação dos braços e das pernas, relata o especialista da Sociedade de Pediatria do RS.

— Para um bebê de até quatro semanas de vida, o ato de mamar no peito corresponde à mesma quantidade de exercício físico do que subir escadas para nós — exemplifica Coelho.

Os estímulos mudam à medida que a criança começa a engatinhar, andar, correr. A pediatra Aline Friedrichs de Souza explica que atividades são importantes para o desenvolvimento, mas também vão fortalecer os músculos.

— Não é para o bebezinho ficar com barriga de tanquinho. Mas melhora o perfil muscular e a programação metabólica. Se desde bebê e durante a infância a pessoa está acostumada a fazer exercícios, ela não vai ter tantas células de gordura no seu corpo para começar a acumular gordura lá pelos 30 anos — comenta.

Há grupos com pensamento distinto. A assistente social aposentada Sylvia Nabinger, representante da Rede Pikler Brasil, prega movimentos "livres e autônomos".

— É importante deixar a criança amadurecer nas suas posturas e ela mesma fazer suas experiências. Sylvia acredita que é melhor para os pequenos aprender tudo no tempo deles, pois assim se sentirão mais seguros.


Fonte: ZH

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