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Por que o "zero gordura trans" do rótulo pode ser uma armadilha

Para quem vive no corre-corre do dia a dia, livrar-se totalmente da gordura trans realmente exige esforço e nem sempre a prateleira do supermercado facilita a escolha. Isso porque as medidas apresentadas nos rótulos dos alimentos não são muito visíveis. No ano passado, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório da OMS nas Américas, sugeriu que o Brasil adotasse um novo modelo de rotulagem, não só para deixar mais clara a quantidade de gordura trans nos produtos como também as medidas de outros ingredientes que, em excesso, podem trazer riscos à saúde, como sódio e açúcar.

Na terça-feira (22), o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, anunciou que a Anvisa pretende aprovar no segundo semestre deste ano uma resolução sobre a nova rotulagem dos alimentos. Pela proposta da agência reguladora, os alertas devem ser em forma de octógono, círculo ou triângulo. Há também sugestão de avisos frontais em forma de tabela. O modelo escolhido terá preenchimento na cor vermelha ou preta e levará as frases “alto em açúcares”, “alto em gorduras saturadas” e “alto em sódio”, em caixa alta.

A provável nova rotulagem brasileira é bastante semelhante à proposta pela Opas, que já foi adotada no Chile e está sendo estudada pelo Uruguai.

A armadilha do “zero gordura trans”
Quando você lê no rótulo de um produto “zero gordura trans” dá um certo alívio na consciência, não? Mas não é bem assim.

Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Marina Bergoli Scheeren, professora adjunta do curso de Ciência e Inovação em Alimentos da PUCRS, explica que a primeira normativa brasileira que aprova especificações como “zero gordura trans” ou “não contém gordura trans” nos rótulos nutricionais determina que todo alimento que apresentar teor de gordura trans igual ou inferior a 0,2 g por porção pode ser considerado e divulgado com o termo “zero gordura trans”. Em 2012, a Anvisa publicou um regulamento que determina que o atributo “não contém gordura trans” só pode ser fixado ao produto se ele apresentar no máximo 0,1 g de gordura trans por porção ou 10 g para os pratos preparados.

– A declaração de gordura trans no rótulo refere-se a uma porção estabelecida para cada produto alimentício. Por exemplo: uma porção de biscoito doce é de 30g, correspondendo, em média, a duas unidades. Se o conteúdo de gordura trans não atingir 0,1g nessa porção, no rótulo desse biscoito pode estar declarado “não contém trans”, o que significa que, se a pessoa consumir mais do que duas unidades de biscoito, não poderá saber ao certo qual a quantidade de gordura trans estará ingerindo – explica Marina.

Escondida com outros nomes

A gordura trans pode aparecer com nomes diferentes no rótulo, causando certa confusão para o consumidor. Os termos que podem ser encontrados na lista de ingredientes e que indicam a presença de gordura trans são: 
— Gordura vegetal parcialmente hidrogenada 
— Gordura parcialmente hidrogenada 
— Gordura vegetal hidrogenada 
— Gordura parcialmente interesterificada 
— Óleo vegetal parcialmente hidrogenado 
— Óleo vegetal hidrogenado 
— Óleo hidrogenado

Para que serve a gordura tras 
Melhora a consistência, acentua o sabor, deixa os alimentos secos, crocantes e com maior prazo de validade.

Principais alimentos em que é encontrada 
— Bolachas 
— Pipoca de micro-ondas 
— Chocolate 
— Sorvete 
— Salgadinhos 
— E todos os que têm gordura hidrogenada na composição

Importante! A presença ou não de gordura trans nos alimentos varia de marca para marca. Na dúvida, leia atentamente o rótulo e veja se ela está presente na lista de ingredientes.

Por que ela faz tão mal 
Entre seus efeitos mais prejudiciais, estão o aumento do colesterol LDL (que entope as artérias) e a diminuição do colesterol protetor HDL, além de danos e inflamação do revestimento das artérias. Isso tudo aumenta o risco de doenças cardíacas, podendo culminar em infarto ou AVC. Professora dos cursos de Tecnologia em Alimentos e de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Maringá (PR), Suelen Ruiz alerta para outro risco: na gestação, a gordura trans pode ser transportada pela placenta e comprometer o desenvolvimento do bebê.

– Isso pode alterar o comportamento e as respostas emocionais do feto – diz.


Fonte: ZH

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