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Estudo sobre risco de celulares encontra 'alguma evidência' de ligação com câncer

Por décadas, especialistas na área da saúde têm se esforçado para chegar à conclusão se os telefones celulares podem ou não causar câncer. Esta semana, uma agência federal dos Estados Unidos divulgou os resultados finais do que os especialistas classificam como a maior e mais cara pesquisa do mundo para investigar a questão. O estudo teve origem no governo Clinton, custou US$ 30 milhões — o equivalente a cerca de R$ 110 milhões — e envolveu em torno de 3 mil camundongos. O experimento, do Programa Nacional de Toxicologia, encontrou evidências positivas, mas relativamente modestas, de que ondas de rádio de alguns tipos de celulares poderiam aumentar o risco de que camundongos machos desenvolvam câncer cerebral.

"Acreditamos que a ligação entre a radiação liberada por radiofrequência e tumores em camundongos machos é real", disse, em um comunicado, John Bucher, cientista sênior do programa. Entretanto, ele advertiu que os níveis de exposição à radiação e o tempo de duração eram, no estudo, muito maiores do que as pessoas normalmente encontram. Portanto, não podem "ser comparados diretamente à exposição que os humanos experimentam”.

Aparelhos usados no estudo são antigos
Além disso, o estudo com animais examinou os efeitos de uma frequência de rádio associada a uma geração anterior de celulares, com uma tecnologia de telefonia já não mais usada hoje. Quaisquer preocupações decorrentes do estudo, então, parecem se aplicar principalmente aos usuários de longa data, que chegaram a ter aparelhos antigos, e não aos usuários dos modelos atuais. Ainda assim, especialistas argumentam que mesmo um pequeno aumento demonstrado no risco de câncer pode ter grandes implicações, já que bilhões de pessoas usam celulares hoje em dia.

Os roedores do estudo foram expostos à radiação por nove horas por dia durante dois anos — muito mais tempo do que a maioria dos usuários "viciados" em celulares. Cerca de 2 a 3% dos machos expostos à radiação desenvolveram gliomas malignos, um câncer cerebral mortal, enquanto no grupo de controle que não recebeu radiação nenhum animal desenvolveu a doença.

O estudo também descobriu que entre 5% e 7% dos camundongos machos expostos ao mais alto nível de radiação desenvolveram certos tumores cardíacos, em comparação com nenhum do grupo de controle. Especialistas dizem que não é incomum que os padrões de câncer variem entre os sexos em pessoas e em animais.

Novas pesquisas testarão tecnologia 4G
Os comundongos foram expostos à radiação a uma frequência de 900 megahertz — típica da segunda geração de celulares, que prevaleceu na década de 1990, quando o estudo foi concebido pela primeira vez. Os celulares atuais representam uma quarta geração, conhecida como 4G, e espera-se que os telefones 5G sejam lançados por volta de 2020. Eles empregam frequências muito mais altas, e essas ondas de rádio têm menos sucesso em penetrar corpos de humanos e de animais, dizem cientistas.

A agência de toxicologia está construindo câmaras de exposição menores que permitirão avaliar novas tecnologias em semanas ou meses, em vez de anos. Esses futuros estudos devem ter seu foco voltado para os sinais físicos mensuráveis, ou biomarcadores, dos efeitos potenciais da radiação de radiofrequência, incluindo danos no DNA, que podem ser detectados muito antes do câncer.


Fonte: O Globo

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