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Por que a ciência é tão importante neste momento de mentiras e fake news

A democracia e progresso social morreriam sem a ciência e o conhecimento com base em fatos. A ciência e os fatos são a base fundamental para disputas lógicas e racionais e para a possibilidade de alcançar algumas verdades. As fake news, por outro lado, são um assalto calculado perante às liberdades democráticas.

O poder da noção das fake news e de seus praticantes é demonstrada sobre como temos rapidamente aceitado que há uma categoria de notícias chamada de fake news. Através dessa noção, nós estamos correndo um risco real em ser cúmplices de sua legitimação. Meu ponto é: se são falsas, não são notícias. Há notícias e também há falsidades, fatos desonestos, distorções e mentiras.

Então qual é a conexão entre ciência, conhecimento e fatos?

O que faz uma boa ciência

A ciência é um meio importante de produção de conhecimento e um caminho para conseguir aquilo que se aproxima da verdade. Uma boa ciência é resultado de processos rigorosos. Parte do rigor da ciência e da criação de conhecimento é o processo de revisão entre pares, que é um meio de reforçar não apenas os fatos incorretos, mas também a transparência.

A ciência também deve geralmente ir de acordo com o teste de replicabilidade. Nos dias de hoje, dados que são usados em experimentos científicos também têm que ser preservados para serem acessados e analisados se os resultados estão em disputa. Normas éticas também governam experimentos científicos para prevenir prejuízos.

A ciência não é a verdade absoluta. Descobertas científicas são o começo, não são o fim, nem o término da busca pela verdade. Dados empíricos usados na ciência que podem ser verificados formam uma base sólida para uma discussão robusta, debates e tomadas de decisão. Os cientistas trazem um grau de racionalidade que cria uma maior probabilidade  para que o melhor interesse da sociedade ou o interesse público possam ser levados em consideração com relação à, por exemplo, tomadas de decisões.

A ciência, logo, é um hábito de exercitar a mente para ajudar a se pensar através de um fenômeno especialmente difícil e complexo.

Isso faz da ciência algo importante no exercício da democracia. Isso não é possível sem fatos e informação que permitam eleitores fazerem escolhas informadas em eleições, por exemplo, ou ajudem na elaboração de políticas seguras que melhor promovam o interesse público. A Ciência também possibilita o discernimento dos membros do público para que o mundo e as palavras deles façam sentido.

Fake news, por outro lado, são um emaranhado de fatos manufaturados ou inventados que são uma perversão da realidade. É a antítese direta da ciência.

Mas as fake news não são algo novo. Elas são tão velhas quanto as notícias e elas têm uma variedade de objetivos. Elas também foram ativadas pelo declínio do conteúdo que enriquece o discurso público no contexto da comercialização e concentração da mídia desde a década de 1980.

Esses desdobramentos levaram à queda da influência da mídia de interesse público ou da mídia que quebra o equilíbrio entre empreendimento comercial e o que é bom para o público. Isso tem levado à uma redução no tipo de notícias e conteúdo midiático que foca na ciência.

O jornalismo científico e o investigativo, em particular, têm dramaticamente decaído. Isso tem significado que a habilidade de iluminar uma luz nas áreas escuras do conhecimento, superstição e mitos têm seriamente diminuído.

Outro motivo do crescimento das fake news é o aumento da influência da perda da confiança em instituições públicas, incluindo instituições midiáticas e a profissão do jornalismo.

A falsidade tem crescido para preencher um vazio, dirigido por indivíduos e organizações políticas que posicionam elas mesmas como messias com soluções instantâneas para múltiplas crises sociais. No discurso delas, instituições, ciência, fatos, evidência, razão ou racionalidade são dispensados como "sofisticação da elite".

O papel das redes sociais

A tecnologia digital e as redes sociais têm facilitado muito a produção e a disseminação das fake news. É um paradoxo: avanços científicos imprescindíveis e tecnologias estão nos permitindo transcender constrangimentos de distribuição e literalmente colocar a informação na ponta dos dedos das pessoas. Ainda assim, essas mesmas tecnologias parecem que facilitam mais fake news e informação que não necessariamente avança para o bem público.

As redes sociais existem fora das normas profissionais de checagem de fatos e do uso de evidência para apoiar afirmativas, argumentos e posições acerca de fenômenos sociais.

A checagem de fato e a revisão por pares são mais importantes do que nunca porque a realidade das informações falsas se espalha livremente. Isso pode ser extremamente prejudicial, particularmente nas campanhas de saúde pública.

A atração das fake news é a sua simplicidade aparente. As notícias falsas têm um tom de verdade em torno de suas afirmações, mesmo que elas sejam fora de cogitação, e a habilidade de ressoar com o que as pessoas pensam ser a “palavra de vida” delas ou a rotina diária. A habilidade das fake news de reforçar estereótipos, incluindo preconceitos, faz de uma situação ruim algo ainda pior. 

Jornalismo científico e investigativo, que perseguem a verdade em vez de somente reportar eventos, são criticamente importantes nessa era das fake news e falácias. Não é exagero dizer que a sustentabilidade da ideia da humanidade e do meio ambiente no senso mais amplo do mundo depende da ciência - ou do respeito aos fatos e evidências.

A ciência permite que o público tenha um entendimento em nuance da vida  é importante para construir uma sociedade inclusiva e aberta que permita que o público participe das tomadas de decisão e das agendas progressivas sociais. A ciência disseminada em meios que são compreensíveis pelo público e que ressoam com as “palavras de vida” desse público é importante para construir confiança em informações reformadas - e criar novas formas de coesão social em diversas sociedades.

Fonte: Galileu

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