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A comida da vez para emagrecer

Num futuro bem próximo, talvez no ano que vem, vamos encontrar nas prateleiras dos supermercados comida para emagrecer que em vez de cortar calorias promete matar a fome por mais tempo. Aos diets, lights e os cada vez mais numerosos alimentos enriquecidos devem se somar bolos, massas e outras tradicionais gordices. A novidade é que terão a mesma cara das gordices que conhecemos, mas a composição será à base de uma forma de amido que tem digestão lenta.

Pareçam ou não apetitosos, esses alimentos ganharam destaque na Euro Global Summit and Expo on Food & Beverages (EuroFood 2015), que aconteceu em Alicante, na Espanha, em meados deste mês. Repercutiram por lá as pesquisas do projeto europeu Satin (Saciedade e Inovação, na sigla em inglês), que reúne 11 indústrias de alimentos e sete universidades, com orçamento de seis milhões de euros.

A ideia é associar descobertas recentes sobre a flora intestinal ao uso de um tipo de carboidrato que sabidamente proporciona maior sensação de saciedade. Isso acontece porque essa forma de carboidrato passa direto pelo intestino delgado e vai para o grosso. E só lá encontra bactérias capazes de digeri-lo. Essas bactérias, por sua vez, liberam substâncias que indicam ao cérebro que há alimento ainda não digerido, logo não é preciso comer ainda. O resultado é o retardamento da sensação de fome.

Esse carboidrato é um amido encontrado naturalmente em leguminosas, como feijões, lentilhas e ervilhas. A ideia é fabricar uma variedade maior de alimentos com grande concentração do amido. O problema é que as bactérias não liberam somente sinais químicos. Se superestimuladas, podem provocar diarreia e gases. Daí que o desafio é encontrar a receita ideal, que só deixe o cérebro ligado sem o ônus dos efeitos colaterais.

Na EuroFood 2015 pesquisadores disseram que seus estudos vão bem, obrigada, e esperam para breve novidades. Ótimo para os que amam comida industrializada.

Mas, por hora, acho melhor a ideia dos próprios pesquisadores que estudaram as bactérias. Vá direto na fonte. Ou seja, coma feijões, ervilhas e lentilhas.

Na verdade, feijão é tudo de bom. Muitas vezes ouvi especialistas elegerem o feijão, quando tinham que escolher apenas um superalimento.

Feijões e suas parentes são uma boa opção para ficar satisfeito com menos comida. E o arroz, seu injustiçado companheiro de prato, também contém o mesmo tipo de amido. Basta não exagerar.

O nutriente que mais proporciona a sensação de saciedade são as proteínas. O ponto é que comer por muito tempo proteínas apenas — como preconiza a famosa dieta — não é saudável. E nesse quesito o feijão mais uma vez marca pontos porque também é rico em proteínas.

Seria loucura comer só feijão para emagrecer. Mas ele é importante em dietas equilibradas, um aliado que não merece ser menosprezado.

Fonte: O Globo/ Ana Lucia Azevedo

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