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Maio trouxe e maio levou um sonhador

Um homem profundamente identificado com o jornalismo e a literatura. Fez dessas duas atividades a sua razão de viver. Uma longa militância na imprensa e nas letras. Ocupou vários cargos em entidades culturais. Foi diretor do Theatro 4 de setembro, da Casa Anísio Brito (Arquivo Púbico Estadual) e do Museu do Piauí. Foi também secretário de Comunicação do Estado.

Antes, no início dos anos 70, foi vereador de Teresina, pelo MDB.

Semeador de academias

Levou ao pé da letra a lição de Monteiro Lobato de que “um grande país se faz com homens e livros”.

Fundador de academias de letras. Via nessas iniciativas um incentivo aos amantes das letras que não pertenciam a academias tradicionais, como a APL.

Ultimamente, dedicava-se também à fundação de academias de letras nas escolas, com o objetivo de formar leitores e futuros escritores. Uma delas funciona com destaque na Escola Nossa Senhora da Paz, na Vila da Paz (rede pública).

Outra está instalada no Colégio Pro Campus (rede privada). Seus jovens membros já participaram de bienais de livros realizadas em vários Estados e mantiveram contato com os principais autores vivos do país.

Em seu trabalho missionário pela valorização e difusão da cultura, não buscava qualquer remuneração, a não ser a satisfação do espírito. E, sem apego a bens materiais, ele não apenas semeou livros, mas academias de letras.

Animador da cena cultural

Acolhia a todos com muita atenção e muito afeto, especialmente aos jovens jornalistas e escritores. Acreditava no potencial de cada um deles.

Sempre tinha uma palavra de estímulo aos mais jovens, especialmente aos iniciantes.

Sua intensa e estreita relação com a juventude e com os educadores, matinha a Academia Piauiense de Letras sempre cheia de estudantes e professores, conhecendo de perto a Casa de Lucídio Freitas, entrevistando acadêmicos e participando de palestras e lançamentos de livros.

Mas ele era, antes de tudo, uma pessoa que marcava pela gentileza. Era incapaz de um gesto grosseiro com quem quer que fosse.

Sempre disponível, prestativo, de coração aberto e generoso.

Amou intensamente, entregando-se de corpo e alma às suas paixões.

Mestre e amigo

Pelas suas mãos, muitos no Piauí se tornaram jornalistas ou escritores. Em 1980, ele lançava dois sobrinhos no jornalismo. Um de sangue, Paulo de Tarso Morais, que nos deixou em plena juventude, quando se formava em Filosofia.

O outro, um sobrinho adotivo, que mal completava 18 anos. Este era eu, acolhido também nas redações de jornal pelo jornalista Francisco Leal, meu conterrâneo de Água Branca.

Ao longo destes 38 anos, foi “um amigo de fé, irmão, camarada”.

Um sonhador

Na quinta-feira passada, ele se despediu do mundo dos mortais e partiu para a eternidade.

Maio trouxe, no dia 2, e maio levou, 73 anos depois, no dia 17, um homem que era, antes de tudo, um sonhador.

Um homem que não desanimava com as duras provações da vida e o tempo inteiro sonhava com uma sociedade justa e fraterna, com o império da paz e do amor.

Este o Herculano Moraes, o querido mestre e amigo, que viverá com muita saudade em minha memória e em meu coração!


Zózimo Tavares
Enviada por J.C.

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