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Sal e açúcar na medida certa

Brasileiro gosta de muito sal e mais ainda de açúcar. O consumo médio diário de sal recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 5 gramas, mas aqui consome-se quase o dobro, 9,6 gramas por dia. De açúcar, em vez dos 25 gramas diários indicados, 150 gramas vão para a alimentação. Para piorar a conta, este mês a OMS recomendou que a quantidade diária de açúcar seja reduzida à metade: em vez de 10% das calorias totais, que sejam 5%. Uma pesquisa publicada na revista “Hypertension” mostrou que as crianças estão comendo sal demais — 3,75 gramas, 0,75 gramas a mais que o aconselhável — principalmente de cereais e pães. Por aqui, o Ministério da Saúde já assinou quatro acordos de redução do teor de sódio nos alimentos industrializados para chegar à meta de diminuir 68% em quatro anos. A composição do carrinho de supermercado terá que mudar. Mas como?

Para a nutricionista Bia Rique, chefe de nutrição da enfermaria de cirurgia plástica da Santa Casa de Misericórdia do Rio, o importante é prestar atenção aos outros nomes do açúcar, os xaropes, dextrose, maltose e concentrados. Com muito mais açúcar, essas opções são usadas para conservar e adoçar industrializados, mas elevam a glicose no sangue. E optar por uma alimentação natural, com menos processados. O endocrinologista Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), vai além: ninguém precisa de açúcar.

— O açúcar é caloria vazia (sem nutrientes) que não tem necessidade na vida de ninguém, o corpo pode tirar açúcar de outros carboidratos, mas é claro que o consumo de açúcar tem a ver com prazer — diz ele.

No organismo, o açúcar se transforma em glicose, eleva a insulina e aumenta a síntese de energia. No rastro, afeta os radicais livres, os famosos oxidantes responsáveis pelo envelhecimento.

— Quanto menos a pessoa acionar essa cadeia, menos inflamação do sistema vascular e menos envelhecimento celular; mas não é só o açúcar, é o carboidrato que também tem que ser eventual — explica Godoy, ressaltando que há hoje uma “antipropaganda” em relação aos adoçantes. — Ninguém toma dose tóxica porque isso seria o equivalente a 200 ml por dia.

O consumo diário recomendado de adoçante varia conforme peso, idade e comorbidades do paciente, segundo a endocrinologista Isabela Bussade. Para sacarina, 5mg/kg; estévia, 5,5mg/kg; ciclamato, 11mg/kg; e aspartame, 40mg/kg. E podem ser usados até por crianças, sendo sucralose, estévia e aspartame considerados mais saudáveis.

— É claro que ninguém vai indicar adoçante para criança (a não ser por diabetes ou obesidade), porque ela tem que aprender a comer porções regulares de açúcar, mas é uma medida educativa, porque não teria problema. Os adoçantes são comercializados há mais de 25 anos sem nenhuma doença grave associada — explica.

No ano 2000, a FDA, agência que regulamenta alimentos e medicamentos nos EUA, retirou a sacarina da lista de carcinogênicos e, de todos esses, a stevia, que é de origem vegetal, não é aprovada pela FDA por falta de estudos. O aspartame tem risco para fenilcetonúricos, mas não há evidências científicas que comprovem as reações de cefaleia, convulsões e distúrbios cognitivos relacionadas à substância.

Quanto ao sal, os especialistas consideram a redução importante, principalmente para hipertensos, com a ressalva de que, ao contrário do açúcar, o sal tem uma função vascular: em uma pessoa saudável, ajuda a manter os níveis de pressão arterial, entre outros efeitos.

Fonte: O Globo

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