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Brincadeiras antigas ajudam no amadurecimento cognitivo de crianças

Sir Jean William Fritz Piaget foi um epistemólogo suíço e é considerado um dos mais importantes pensadores do século 20. Formado em biologia e doutor em psicologia e educação, dedicou-se ao estudo do conhecimento, principalmente de como o desenvolvimento cognitivo se dá ao longo da vida. Criou, a partir de pesquisas e por meio da observação diária dos próprios filhos, a Teoria Cognitiva, que deu aos psicólogos a certeza de que a construção do ser humano é um processo que vai acontecendo na infância. Segundo Piaget, a construção da personalidade se dá pela interação e pela completa utilização dos cinco sentidos da criança.

Os brinquedos de hoje, porém, estimulam um ou no máximo dois desses sentidos. Quando muito, a criança precisa usar, além da visão, a audição ao jogar o videogame. Isso, alertam especialistas, pode resultar em uma geração com características físicas e psicológicas completamente diferentes das que estamos acostumados.

“Até pouco tempo atrás, havia uma aproximação, por parte da criança, da concretude cotidiana, o que permitia que ela tivesse uma clara percepção do que era real e do que não era. Ou seja, jogava-se Atari ao mesmo tempo em que se pulava corda e se construía carrinho de rolimã. Transitava-se entre o virtual e o real. Usavam-se os cinco sentidos. Com a apresentação mais precoce ao mundo virtual, há a perda dessa concretude e da utilização dos sentidos para conferir à vida a sua realidade”, analisa Marla Siomonini Teixeira.

De acordo com a psicopedagoga e psicóloga, os avanços tecnológicos geram uma troca, em termos de qualidade, entre o real e o virtual, apresentando às crianças um mundo dúbio. “Ele existe e, ao mesmo tempo, não”, explica Teixeira.

Diretora da Escola Infantil Montessoriana, Andréa Adjuto lembra que, para se divertir, a criança de hoje precisa muitas vezes apenas pressionar um botão. Os amigos estão longe, as relações são virtuais, e o toque, o contato, a imaginação e as relações interpessoais tornaram-se sentimentos e sensações de museu.

“Há 30 anos, as crianças eram mais tranquilas, vivendo realmente a infância. Hoje, tendem ao individualismo, são mais competitivas”, analisa.

A comodidade e os fatores sociais, como a violência e a densidade populacional, segundo a especialista, também conduzem essa mudança de personalidade.



Fonte: Correio Braziliense

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