post image

Executivos de RH discutem o papel estratégico da área

Formar mais líderes, trabalhar a cultura organizacional da empresa e garantir uma comunicação mais eficiente são alguns dos principais desafios dos departamentos de recursos humanos de companhias do Brasil atualmente. Em todos os casos, persiste ainda a necessidade de garantir um espaço mais estratégico no negócio. Presença constante na agenda das organizações, esses temas foram foco do HR Advisory Board, realizado na semana passada pelo EBDI (Enterprise Business Development & Information), em Águas de São Pedro, interior de São Paulo. O evento contou com a participação de gestores da área de pessoas e executivos de companhias diversas.

Em painel formado por CEOs sobre o papel estratégico do RH nas empresas hoje, Miguel Gularte, presidente da JBS para o Mercosul, destacou a importância de ter a área à mesa de reuniões durante discussões sobre os negócios. "Se você diz que as pessoas são importantes, é preciso que o departamento que lida com elas esteja presente na hora de montar a estratégia", diz.

Luiz Alberto Fortuna, presidente do BPN Brasil, concorda. Segundo ele, perder uma pessoa é "coisa séria", especialmente em um banco de pequeno porte. Atualmente, a instituição financeira controlada pelo governo português está no processo de alinhar o negócio com o novo acionista, o angolano Banco BIC. "Não tem como fazer isso sem o RH. É uma área que agrega valor e traz mais dinheiro. Não é custo, mas investimento."

Segundo a diretora de RH corporativo da JBS, Verônica Coelho, a prioridade atualmente é trabalhar a cultura organizacional e garantir que as empresas adquiridas sejam integradas de forma eficiente ao grupo - além de manter o foco na produtividade, resultados e custos. Como parte da estratégia, a comunicação interna tem recebido bastante atenção. "É uma ferramenta que ajuda a reforçar a cultura no dia a dia e a gerar mais senso de pertencimento", diz.

Comunicação também é palavra-chave na Alelo, onde o RH está passando uma temporada sob a responsabilidade do próprio presidente da empresa, Eduardo Gouveia. No comando da fornecedora de meios de pagamento há sete meses, o executivo assumiu a diretoria do departamento - na época subordinado à vice-presidência de compliance e governança - assim que chegou.

Hoje, a área se tornou independente e deve receber um novo líder em junho. "O RH tem que entender as alavancas do negócio", diz o presidente. Para ele, a transparência na comunicação é um aspecto já presente na cultura da companhia, mas que sempre pode ser aprimorado.

"A empresa precisa se preparar para o RH estratégico, pois ele tira a liberdade dos gestores e, no início, isso pode gerar atrito", diz Claudio Costa, diretor de recursos humanos da EcoRodovias. Na holding, as prioridades da área são o plano de sucessão e o desenvolvimento de lideranças. "São fatores que limitam o crescimento", diz. O alinhamento da cultura em todos os negócios também é um trabalho constante para a empresa, que pulou de 1.500 funcionários em 2010, quando abriu seu capital, para os atuais 6.200, após uma série de aquisições.

Em 2014 e após um investimento de R$ 2,5 milhões, teve início uma escola de líderes que vai treinar desde supervisores até diretores em áreas como gestão e finanças. Desde 2012, o departamento de RH foi completamente reformulado e dobrou de tamanho, tendo um aumento de cerca de 30% no custo da estrutura de pessoas. Para este ano, o desafio é fazer mais, com o orçamento praticamente igual ao do ano anterior.

Na construtora Tecnisa, o treinamento também está no centro das prioridades. Com a criação da universidade corporativa no ano passado, o foco está em formar líderes para posições gerenciais médias. "O segmento de construção civil cresceu e não houve tempo de preparar pessoas adequadamente, o que onerou muito as folhas de pagamento", diz o diretor de recursos humanos Marcello Zappia. Cerca de 80 profissionais já foram treinados no ano passado, e mais 40 estão participando do programa. Além disso, boa parte dos investimentos da empresa em tecnologia estão relacionados com ferramentas e processos de RH.

Outra reforma recente foi feita no modelo de remuneração executiva, que passou a se adequar aos ciclos longos de construção de empreendimentos. A parte fixa diminuiu e a variável foi atrelada ao cumprimento de prazos das construções. "É um desenho que tem mais a ver com o nosso negócio."


Fonte: Valor Econômico

Compartilhar

Permito o uso de cookies para: