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Cérebro: o comandante na cabine

Melhorar a qualidade vida, alcançar sucesso no trabalho e potencializar o desempenho nos estudos são os grandes desejos da maioria das pessoas, que para realizá-los recorrem à busca pelo desenvolvimento físico e pelo conhecimento mais aprofundado do próprio corpo. Porém, é importante que se saiba: não é suficiente estimular apenas o potencial físico, preparando o corpo com ginástica, exercícios e atividade aeróbica. É imprescindível desenvolver atividades que reforcem o saber, a concentração, a inteligência, a disposição e a criatividade.

A ciência recomenda que o interesse pelo desenvolvimento físico deve ser igual ao interesse pelo desenvolvimento emocional e psicológico. Nesse sentido, torna-se indispensável que as pessoas passem a ter um contato mais aproximado com um ilustre desconhecido do corpo humano: o cérebro. Somente conhecendo como o cérebro funciona é que se poderá conquistar saúde, ter mais qualidade de vida e ser mais feliz.

O cérebro pode ser comparado a um comandante de aeronave. Os passageiros não conhecem seu rosto e não o enxergam durante o voo, mas sabem que ele está ali, na cabine, comandando aquela máquina e garantindo toda a operação para que o trajeto seja feito com segurança. Não conhecemos quase nada sobre o cérebro, mas sabemos que ele é o comandante de todas as nossa ações, das mais simples às mais complexas. Em frações de centésimos de segundos, o cérebro envia impulsos elétricos que passam por centenas de quilômetros de cabos, compostos de células que compõem o sistema de transferência de informação mais sofisticado do mundo e o mais desafiante instrumento criado pela natureza. De tão importante, é o único órgão que possui uma proteção rígida, o crânio.

O biólogo molecular americano John Medina, autor do livro “Aumente o poder do seu cérebro”, afirma que, apresar de se ter pouquíssimas informações a respeito do funcionamento do cérebro, o histórico da evolução humana demonstra que o cérebro foi projetado para resolver problemas relacionados à sobrevivência em um ambiente externo instável e para atuar em movimento quase constante.

Nos dias atuais, o cérebro é quem garante não apenas sobrevivência, como também nossas emoções, nossa capacidade de raciocínio, a facilidade ou não de encontrar soluções para diversas soluções enfrentadas, além do desenvolvimento da criatividade, da inteligência e da aprendizagem.

Por que a atividade física pode melhorar o funcionamento do cérebro?

Para o neurologista Cláudio Carneiro, manter o cérebro em atividade constante é o segredo para potencializar as funcionalidades do órgão. “Deve-se realizar atividade física regular, alimentação saudável e combater o estresse”, afirma o médico, enfatizando que os principais inimigos do cérebro são o cigarro, o sedentarismo, o colesterol alto e o diabetes.

Neste momento, é bem provável que você esteja se perguntando: o que atividade física tem a ver com o bom funcionamento do cérebro? John Medina responde que os exercícios físicos aumentam o número de vasos sanguíneos, o que melhora a circulação e amplia a distribuição de nutrientes e oxigênio em todo o organismo, aumentando a capacidade de eliminação de toxinas pelo corpo.

O mesmo ocorre com o cérebro. Estudos com imagens mostram que a atividade física aumenta o volume do sangue em parte do cérebro chamada giro dentado, uma região vital do hipocampo profundamente envolvida na formação de memórias.

Estudos com cobaias de laboratório indicam que outro efeito específico dos exercícios sobre o cérebro tem a ver com o desenvolvimento de tecidos saudáveis no órgão, o que mantém os neurônios jovens, com mais disposição para se interconectar, estimulando o fenômeno chamado neurogênese, que a formação de novas células no cérebro.

Memória e cognição

Perguntado sobre as causas de défcit de memória e o que se pode fazer para prevenir esses males, Cláudio Carneiro afirma que podem ser diversas, porém destaca o fator mais comum para a perda de memória: as doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. “Sabe-se que um maior nível de estudo e o controle de fatores de risco para arteriosclerose (glicose e colesterol) ajudam nessa prevenção”, diz.

Transtornos de atenção

Há também quem associe o aumento da incidência do transtorno de défcit de atenção e da hiperatividade (TDAH) ao uso da internet, tanto por crianças como por adultos. Perguntado se esta ligação faria sentido, Cláudio Carneiro afirma que o TDAH é um transtorno que pode ser influenciado pelo meio ambiente. “Desde cedo percebe-se que as crianças apresentam certa desatenção, ou então são muito inquietas. Também existe incidência em pessoas já adultas. Ainda não é possível falar que o uso de internet causaria TDAH, haja vista que adultos que não usufruíram da internet na sua infância também podem apresentar este transtorno.

Avanços e promessas

Por ser uma ciência não muito próxima do cotidiano das pessoas, a neurologia é uma das áreas que mais fascinam e trazem esperanças de um futuro com tratamentos e curas para lesões e doenças atualmente consideradas irreversíveis. Ao ser questionado sobre o que considera grandes avanços ou promessas da neurologia, Cláudio Carneiro afirma se tratar de uma ciência que se desenvolve muito lentamente. “Existem pesquisas sobre demências, doenças autoimunes cerebrais, doenças cerebrovasculares, mas esses estudos necessitam de tempo para que afirmemos que os resultados foram positivos. Temos esperanças no benefício do lançamento de novas drogas, por exemplo, para Alzheimer ou Parkinson”, enfatizou.

Fonte: Revista + Saúde
Enviada por J.C.

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