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Empreendedores conservadores são mais bem-sucedidos

Quando o assunto são empreendedores, a imagem mais comum que se tem é a de alguém confiante, sem medo de assumir riscos e disposto a largar tudo para ir atrás de uma ideia pela qual é apaixonado. Segundo um estudo de professores americanos, porém, não é preciso se encaixar nesse estereótipo para se tornar um empresário de sucesso. Uma atitude mais conservadora, como manter o emprego enquanto monta a nova empresa, pode, inclusive, aumentar as chances de sobrevivência do negócio.

"Muitos empreendedores começam negócios enquanto mantêm o antigo trabalho, mas a literatura acadêmica e a mídia no geral costumam ignorar esse aspecto do empreendedorismo", explica Joseph Raffiee, professor da Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos, coautor do estudo junto com Jie Feng. Dessa forma, explica o especialista, foi propagada a ideia de que empreender significa abraçar riscos. "Essa imagem tende a ignorar que há muitas outras formas de se começar um negócio."

Segundo Raffiee, o fenômeno do "empreendedorismo híbrido" por muito tempo ficou escondido, pois esses profissionais não costumam se encaixar nas categorias tradicionais de "empregado" e "autônomo" - o que faz com que pesquisadores ignorem essa parcela de profissionais na hora de estudar o assunto. A situação, no entanto, é bastante comum.

Foi o caso de Steve Wozniak, que manteve o emprego na HP mesmo após fundar a Apple, ou Pierre Omidyar, que abriu o eBay enquanto ainda era funcionário de uma empresa de desenvolvimento de softwares.

Para o estudo, publicado na edição atual do "Academy of Management Journal", os professores analisaram dados do "National Longitudinal Survey of Youth" - um banco de informações de mais de 12 mil pessoas - pesquisados desde 1979 por universidades americanas sob a direção do Departamento de Estatísticas de Trabalho (U.S. Bureau of Labor Statistics). Dessa forma, os acadêmicos tiveram acesso ao histórico de empregos dos profissionais, bem como a análises de perfis e personalidades.

"Confirmamos que os indivíduos que deixaram seus empregos para começar negócios têm tolerância maior ao risco e tendem a ser mais confiantes nas suas habilidades". Essa característica não apareceu, no entanto, quando analisados os perfis das pessoas que abriram seus próprios negócios ao mesmo tempo em que mantiveram um emprego.

"Quando observado isso, a relação entre atividade empreendedora e a preferência por riscos se torna menos clara", diz. Para o professor, a autoconfiança e a disposição a assumir riscos não são aspectos que determinam a capacidade de o profissional se tornar um empreendedor - e sim, a forma como ele irá escolher fazê-lo.

Raffiee vê algumas vantagens em adotar o caminho "híbrido" ao abrir o próprio negócio. O estudo descobriu que as chances de sobrevivência das empresas criadas por empreendedores "híbridos" são 33% maiores do que no caso dos profissionais que largaram o antigo emprego para focar completamente na nova ideia. Essa tendência se mostrou ainda mais forte no caso de empreendedores com experiência prévia de abertura de novas empresas.

"Eles são mais capazes de julgar a viabilidade do negócio, fazer as mudanças necessárias e avaliar sua capacidade de existir no contexto empreendedor antes de se comprometer com a ideia em tempo integral."


Fonte: Valor Econômico
Enviada por JC

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