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Como cultivar processos mentais para expandir a criatividade

Podemos definir criatividade como o processo psíquico por meio do qual primeiro nos tornamos sensíveis a determinado problema; uma vez identificada a dificuldade, testamos (ainda que mentalmente) hipóteses a respeito da questão e, finalmente, obtemos a solução. Essa “resposta” é considerada criativa quando, além de inédita, é de fato útil e adequada à situação. Em linhas gerais, podemos falar em “geração e implementação proposital” de uma ideia nova. No local de trabalho, esse movimento pode ser mais apropriadamente caracterizado pela procura e aplicação de novidades que resultem em efeitos úteis mensuráveis.

Em numerosos estudos nas últimas décadas, psicólogos tentaram desvendar os mistérios da criatividade excepcional nas artes e nas ciências, considerando as semelhanças entre Pablo Picasso, Amadeus Mozart, Virginia Woolf, os irmãos Wright e Albert Einstein. Essas investigações, junto com outras que procuram desvendar aspectos que estão nas origens da solução de problemas do cotidiano, revelaram fatores genéticos, sociais e econômicos (bem como as circunstâncias atribuídas ao acaso) que contribuem para o pensamento criativo.

Embora por muito tempo a criatividade tenha sido considerada uma espécie de dom de uma seleta minoria, psicólogos agora revelam que é possível cultivar processos mentais – como capacidade de tomada de decisão, desenvolvimento da linguagem e da memória – que todos possuímos e que ajudam a exercitar e expandir a criatividade.

Em outras palavras, do ponto de vista científico é possível aumentar o potencial nessa área. Estudos recentes mostram que técnicas capazes de subverter a maneira como as pessoas veem o mundo, bem como estratégias que incentivem processos de pensamento inconscientes, são fundamentais para fazer brotar boas ideias.

Considerando que a criatividade costuma ser associada diretamente a novas ideias, a predisposição para desenvolvê-las é a primeira etapa importante do processo. Em geral, para chegar a novas soluções é necessário ter a mente aberta, isto é, o máximo possível livre de regras e, de preferência, com o mínimo de autocensura – pelo menos nesse momento. Em 2009, a neurocientista Sharon Thompson-Schill e seus colegas da Universidade da Pensilvânia propuseram que a inspiração poderia ser beneficiada por um estado de “menor controle” da cognição, ou seja, sem restrição de pensamentos e comportamentos.


Atividades para pensar “fora da caixa”

Exercícios que abalam as maneiras típicas de pensar podem favorecer um estado mental criativo. Um deles, por exemplo, consiste em mudar as formas de ver e utilizar objetos. Em um estudo publicado em 2006, meus colegas e eu pedimos que universitários criassem, em 15 minutos, até seis usos alternativos para 12 objetos comuns.

Solicitamos em seguida que resolvessem problemas práticos, como fixar uma vela em pé numa parede usando uma caixa de fósforos e uma de tachinhas. (Dica: imagine a caixa como uma plataforma.) Só para metade dos alunos foi dito que os objetos da primeira tarefa estavam relacionados aos problemas práticos. Integrantes dos dois grupos tiveram desempenhos igualmente bons nos problemas práticos e resolveram um número significativamente maior de questões que os jovens que não completaram a tarefa de usos alternativos. Percebemos, com isso, que o treinamento pareceu beneficiar os estudantes, despertando neles a predisposição para uma resolução de problemas criativa.

Fonte: Mente e Cérebro

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