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Seis diferentes (e fortes) motivos para se exercitar

Menos da metade dos latino-americanos pratica alguma atividade física, mostrou a recente pesquisa Percepção e Realidade — Um Estudo sobre a Obesidade nas Américas, organizada pela WIN Américas em Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México, Panamá e Peru. — Praticamente todo mundo sabe que é bom fazer exercício. Tanto quem faz quanto quem não faz. Mesmo assim, mais de 50% da população não pratica — diz o doutor em Educação Física e pós-doutor em Neurologia Eduardo Bodnariuc Fontes.

Os relatos pessoais são de que emagrece, deixa o corpo mais inteirinho, e a mente, mais leve e solta. Mas por que 59% não se entrega ao hábito, mesmo com essas evidências empíricas? Se a barriga alheia mais esbelta não convenceu os sedentários a pular da cadeira, o caderno Vida puxou da cartola de cientistas e pesquisadores outros tantos (e fortes) motivos para começar a se mexer imediatamente.

Cérebro de idosos mais ativo

Pesquisas mais recentes e fresquinhas sobre os benefícios da prática de atividade física revelam: o cerébro dos idosos aumenta com aquele esforço a mais pelo menos três vezes por semana.

— Existem estudos mostrando que quando eles fazem atividade física por seis meses, áreas importantes do cérebro passam a aumentar, como as relacionadas ao raciocínio e à memória. Se o envelhecimento está associado a uma diminuição das estruturas do cérebro, isso é muito bom. Porque a atividade física não apenas consegue ajudar a mantê-las, como a aumentá-las — ressalta Fontes, também professor-pesquisador do programa de pós-graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília (UCB).

Além disso, muitos estudos em andamento têm mostrado que a prática de esportes é boa até mesmo nos diagnósticos de Alzheimer ou Parkinson. Outros, bem recentes, mostram que as estruturas do cérebro aumentaram drasticamente, no momento em que a espécie virou bípede, pelo acréscimo de movimento para caçar, buscar água.

O treinamento com pesos em idosos também mostrou melhora nas estruturas cerebrais ligadas à cognição e à coordenação motora, o que é importante para evitar quedas. Músculos e ossos ficam mais fortes, e o cérebro também responde melhor, pelo aumento da substância cinzenta.


Menos insônia

Exercício aeróbio regular melhora a qualidade do sono, o humor e a vitalidade, de acordo com um estudo de 2010 da Northwestern Medicine, dos Estados Unidos, feito em adultos de meia-idade e idosos com queixas de problemas para dormir.

— O melhor dormir deu-lhes vitalidade, esse ingrediente mágico que faz você querer se levantar e sair para o mundo a fazer as coisas — disse Kathryn Reid, participante do trabalho.

O diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e médico do esporte, Jomar Souza, ajuda a entender o motivo:

— A grande maioria das pessoas passa por um estágio de relaxamento após os exercícios. Isso acontece pela maior produção de endorfinas durante a atividade física. Há também aumento na produção de melatonina, um hormônio envolvido diretamente com a boa qualidade do sono.


Melhora do desempenho sexual

Mas e se o interesse não é exatamente pegar no sono? Exercício e atividade sexual também andam melhor juntos.

— Um melhor condicionamento físico ajuda nas preliminares e reduz a ansiedade ligada ao ato sexual, principalmente com um parceiro não habitual. Tudo isso ajuda a atingir o orgasmo com mais facilidade — lembra Souza.

Um estudo de 2012 foi além: pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, mostraram que existem evidências de que o exercício — sem a presença de sexo ou fantasias — pode levar ao orgasmo feminino. Relatos do fenômeno, algumas vezes chamado de "coregasm", pela associação com exercícios para músculos abdominais centrais, têm circulado na mídia há anos, disse na ocasião Debby Herbenick, codiretora do Centro de Promoção da Saúde Sexual em Escola de Saúde, Educação Física e Recreação da universidade.

Os resultados foram baseados em levantamentos online com 124 mulheres que relataram ter experimentado orgasmos induzidos pelo exercício e outras 246 que experimentaram prazer sexual induzido pelo exercício. A idade delas variava entre 18 e 63 anos.

— Os exercícios mais comuns associados ao orgasmo induzido foram abdominais, escalar postes ou cordas, ciclismo e levantamento de peso — enumerou Herbenick.

Sem calorões na menopausa

Não dá para fugir da menopausa, mas é possível aliviar muitos daqueles sintomas incômodos que atormentam as mulheres quando elas param de menstruar. A começar pelos famosos calorões. Em 2006, pesquisadores da Universidade de Granada, na Espanha, descobriram que o número de mulheres que sofrem sintomas graves caiu quatro vezes depois que elas participaram de um programa de exercícios supervisionado por um ano, enquanto que os problemas aumentaram entre as que não se exercitaram.

— O principal benefício para quem entra na menopausa é reduzir o risco de osteoporose e melhorar o equilíbrio e a força muscular — afirma o presidente da SBMEE, Jomar Souza.

Ajuda para vencer o tabagismo e o alcoolismo

— Os níveis de ansiedade e depressão são reduzidos com a atividade física regular. Isso é um importante fator no tratamento multidisciplinar necessário para combater o tabagismo e o alcoolismo — diz o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Jomar Souza.

Uma pesquisa de 2009 da Universidade de Exeter, no Reino Unido, revelou, pela primeira vez, que as mudanças na atividade cerebral desencadeadas por exercícios físicos podem ajudar a reduzir os desejos de cigarro. Publicado na revista Psychopharmacology, o estudo mostrou como o exercício altera a forma de o cérebro processar a informação entre os fumantes, reduzindo o desejo por nicotina.

Sobre alcoolismo, Alan Rosenwasser, professor de psicologia na Universidade do Maine, nos EUA, demonstrou a relação entre os prazeres do álcoole e do esporte em estudo de 2010:

— Parece que a ingestão de álcool e exercício voluntário representam duas formas de comportamento intrinsecamente gratificante, e os efeitos de recompensa desses dois comportamentos podem substituir parcialmente um ao outro. Esta descoberta sugere que os dois comportamentos são regulados por sistemas de sobreposição no cérebro.

Prevenir avanço de doenças da visão

Os diabéticos que se exercitam regularmente têm uma taxa menor de complicações relacionadas à doença, como a retinopatia diabética, que acomete a retina em diabéticos não controlados, relata Souza.

Além disso, pesquisa publicada em 12 de fevereiro no The Journal of Neuroscience revelou que o exercício aeróbio moderado pode ajudar a preservar a estrutura e a função das células nervosas na retina após danos. Cientistas treinaram ratos para correr em uma esteira por uma hora por dia, cinco dias por semana, durante 15 dias, depois que eles foram expostos à luz brilhante e tóxica. Os exercitados perderam apenas metade do número de células fotorreceptoras em comparação com aqueles que passaram o mesmo tempo parados.

— As pessoas que estão em risco de degeneração macular podem ser capazes de retardar a progressão da deficiência visual — explicou à época da divulgação da pesquisa Michelle Lavrador, que estuda os efeitos dos exercícios sobre cérebros saudáveis e doentes.

Fonte: Zero Hora

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