McDonald's vai usar frango sem antibióticos aplicados ao tratamento de humanos
O McDonald's planeja começar a usar em seus restaurantes frango criado sem antibióticos importantes para a saúde humana e leite de vacas criadas sem hormônios de crescimento artificiais. No caso dos frangos, a mudança vai ocorrer nos próximos dois anos, segundo o McDonald's. Os fornecedores de frango da empresa ainda poderão usar um tipo de antibiótico chamado ionóforo, que mantém as galinhas saudáveis e não é usado por humanos. A mudança do leite usado pela rede de lanchonetes vai ocorrer ainda neste ano.
Muitos produtores de vacas, porcos e aves dão a seus animais antibióticos para que cresçam mais fortes e fiquem mais saudáveis. A prática tornou-se uma questão de saúde pública, com autoridades dizendo que isso pode criar germes resistentes às drogas, que deixariam, portanto, de ser eficazes no tratamento de doenças em seres humanos.
As redes Chipotle e a Panera divulgam que já usam frango criado sem antibióticos em seus pratos, mas o anúncio do McDonald's é notável por seu tamanho; a rede tem mais de 14 mil lanchonetes nos Estados Unidos. A Chipotle tem cerca de 1,8 mil, enquanto a Panera tem quase 1,9 mil.
"Essa realmente é uma jogada considerável", disse Gail Hansen, um alto executivo no projeto "The Pew Charitable Trusts", que combate o uso de antibióticos. Hansen destacou que os ionóforos, antibióticos que serão permitidos pelo McDonald's, não são considerados importantes para os humanos do ponto de vista médico.
O anúncio chega em meio às dificuldades do McDonald's para transformar sua imagem e à concorrência cada vez maior de rivais de menor escala, que se posicionam como alternativas mais saudáveis.
A empresa luta há muito tempo com a percepção negativa quanto a seus alimentos, mas isso se tornou uma vulnerabilidade maior à medida que mais pessoas passaram a optar por alimentos com ingredientes que consideram de melhor qualidade ou que seguem padrões de responsabilidade social.
Depois ver queda na frequência dos clientes em suas lojas por dois anos seguidos, o McDonald's indicou recentemente que há mudanças a caminho. As franqueadas foram avisadas na terça-feira à noite das mudanças no leite e no frango, em um encontro em Las Vegas, o "Turnaround Summit".
Scott Taylor, franqueado do McDonald's que esteve na conferência, disse que os ingredientes estão "se tornando cada vez mais importantes" para os clientes. E afirmou que a empresa deu indicações de que precisa estar onde os "clientes querem e precisam" que a empresa esteja. "Vocês vão ver mais coisas do tipo no futuro", disse Taylor.
Em comunicado, a Tyson, fornecedora de frango do McDonald's, informou que deseja trabalhar logo com a rede para cumprir o novo padrão. A Tyson destacou que reduziu o uso de antibióticos eficazes em humanos em mais de 84% desde 2011.
Caroline Smith DeWaal, diretora de segurança alimentar na organização americana de direito dos consumidores Centro pela Ciência no Interesse Público (CSPI, na sigla em inglês), disse considerar a decisão do McDonald's de vender leite produzido sem somatotropina bovina recombinante (rBST, na sigla em inglês) um bom passo, porque o hormônio de crescimento pode provocar problemas à saúde das vacas leiteiras.
Dentro dos esforços para manter os clientes, a empresa também promoveu várias mudanças de liderança, admissões de deficiências e declarações de que prepara mudanças.
As pressões chegaram ao comando da empresa no fim de janeiro, quando o McDonald's anunciou que o diretor-presidente Don Thompson seria substituído por Steve Easterbrook, diretor de imagem da marca.
A mudança ocorreu oficialmente nesta semana e Easterbrook esteve no encontro de franqueados em Las Vegas.
O McDonald's já vinha rebatendo as críticas. No ano passado, lançou uma campanha convidando as pessoas a fazer perguntas francas, e muitas vezes delicadas, sobre seus alimentos, como a em que questionaram se sua carne continha minhocas (a resposta foi negativa). A companhia também vem deixando claro, em anúncios e placas, que usa ovos frescos nas lanchonetes para fazer seus McMuffins.
Fonte: Valor Econômico
Enviada por JC